Cheques em branco

Um novo cheque em branco está circulando na praça.

Alegando cumprimento de sentença judicial, o INSS criou a figura da prorrogação de auxílio-doença descalçado de avaliação pericial. 

Funciona assim, o segurado amparado em sua incapacidade laboral temporária não se recupera no prazo estimado pelo perito. Neste caso pode pedir uma prorrogação, o que deve ser feito antes de cessado o benefício.

A novidade é que, se por problema de agenda ou outro qualquer, a perícia indispensável para verificar as razões médicas da persistência da incapacidade for marcada para data posterior ao fim do benefício fica assegurado o pagamento de tantos dias (semanas ou meses) quanto for o caso. Mesmo que a perícia, quando ocorrer, concluir que não havia motivo nenhum para a prorrogação.

Não é só. O segurado pode não comparecer à perícia que, se apresentar alguma justificativa discricionariamente considerada plausível no guichê do INSS, terá direito a remarcação da perícia, continuando a receber antecipadamente pelo direito que ainda não foi tecnicamente apurado. Além do requerente poder prorrogar uma vez, o servidor do INSS pode prorrogar 4 vezes!

Por favor, alguém diga que eu entendi errado! Não é possível uma coisa dessas e depois exigir do perito um trabalho de excelência (que, na verdade, é o que os peritos têm demonstrado querer fazer).