domingo, 29 de agosto de 2010

Mais verba de pesquisa para batata

Este é o curioso titulo de um artigo publicado no último Lancet de 28 de agosto. Os autores comentam sobre uma das falácias usadas para pesquisadores sedentos de mais verbas para seus trabalhos. O truque consiste em pesquisar certo assunto  na rede Medline e usar a quantidade de trabalhos publicados para dizer: "Viu, todos estão pesquisando isto, precisamos de mais verbas!". 
A Medline, explicam os autores, não é um lugar para "pesca de arrastão". É apenas o sucessor eletrônico on-line do clássico Index Medicus. Eles pesquisaram duas palavras-chave entre 1999 e 2009: HIV e batata. Embora os resultados tenham sido diferentes em números brutos, respectivamente, 14000 referência para HIV e 900 para batata, os resultados foram similares no tocante ao aumento anual da pesquisa sobre ambos . Portanto, conclui-se que a batata, bem como o HIV, é uma área de interesse crescente para pequisa,logo necessita de mais fundos. 
Achei interessante este artigo, não apenas pelo conteúdo em si, mas para mostrar o emprego da falácia, da mentira, da ilusão, para sustentar discursos e ações como prática universal nas relações humanas. 
Não é muito diferente do que se tem visto no atual cenário de confronto entre o INSS, ANMP, e mais recentemente com a entrada de um tertius, a FENAM. 
Todos, em momentos e modos diferentes, estão "provando" que é mesmo necessário mais verba para pesquisar batatas...

Um comentário:

Braw disse...

Muito bom Dr. Luiz Setti, constatamos que temos do outro lado da mesa de negocição verdadeiras práticas sofistas. "É um conceito que remete à ideia de falácia, sem ser necessariamente um sinônimo. Atualmente, no uso freqüente e do senso comum, sofisma é qualquer raciocínio caviloso ou falso, mas que se apresenta com coerência e que tem por objetivo induzir outros indivíduos ao erro mediante ações de má-fé". Não é possível uma solução que passe certamente pelo aumento de despesas, risco maior de fraudes, clara dificuldade logística de implantação em curto prazo.Não é e nem nunca será razoável tal medida; uma gestão minimamente competente, com certeza avaliaria custos e benefícios antes de tal aventura.