quarta-feira, 25 de agosto de 2010

GREVE EM FORTALEZA

Oito mil na fila da perícia médica em Fortaleza

Posto Jacarecanga: segurados reclamam que não são atendidos e que estão perdendo benefícios

JOSÉ LEOMAR

25/8/2010
Categoria tenta amanhã, em Brasília, audiência na Previdência Social para negociar principais reivindicações

A greve dos médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que completou dois meses nesta semana, já deixou oito mil pessoas na fila de atendimento somente nos 22 postos da Gerência de Fortaleza, que engloba a Região Metropolitana. A informação é da delegada da Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP), Judite da Silva Costa.

Segundo ela, são 90 profissionais nos 22 postos para dá vencimento a demanda de 13 mil revisões mensais. Como a categoria tem que cumprir a determinação da Justiça, de manter 50% do efetivo na ativa, a situação não é pior. "Apenas 30% do total voltam para a fila e são obrigados a remarcar a consulta pericial", disse a médica.

A demora em conseguir atendimento tem tirado a paciência de muito segurado, gerando muitas reclamações. É o caso de Francisco Furtado de Figueiredo. Ele conta que desde abril, antes mesmo da grave - iniciada no dia 22 de junho - tenta ser atendido pela perícia do INSS. "Tenho leucemia e preciso manter meu auxílio doença para sobreviver. Cada dia é um tormento para mim", conta Francisco, que esteve na manhã de ontem, no Posto Centro, da Rua Senador Pompeu. Sua esposa, Zelinda Alves Furtado, reafirma a dificuldade. "Tivemos que voltar no dia 23 de junho e nada. Mandaram a gente regressar hoje e vamos vê o que dá. Estamos aqui desde cedinho".


No posto do INSS da Jacarecanga, o pedreiro Francisco Macário de Arruda, de 59 anos, conta sua saga para conseguir reavaliar sua licença por doença. Ele sofre da coluna e, segundo conta, trabalha um dia e para dois devido às fortes dores. "Dependo da perícia e desde o início da greve tive que remarcar duas vezes o atendimento".

A situação tem dois lados. Se o segurados reclamam e sofrem com as remarcações de consultas, os médicos peritos reivindicam questões considerados fundamentais para eles. Uma delas diz respeito às agressões sofridas. No Brasil, somente no ano passado, foram registradas 72 agressões contra peritos médicos. No Ceará, pelos menos três casos graves de agressões foram registradas no ano passado.

Além de ameaças de morte e agressões verbais e contra o patrimônio. "As pessoas acham que o INSS é seguro-desemprego ou Bolsa Família e que o governo têm obrigação de dar dinheiro para elas porque pagaram benefício", disse o presidente da ANMP, Luiz Carlos Argolo.

Esses episódios, segundo Argolo, justificam reivindicações como mais segurança e que a entrega dos resultados dos exames aos segurados seja feita fora das agências do INSS".

Nota oficial

A respeito da paralisação dos peritos médicos, a Previdência Social, em nota oficial, esclarece que a greve afeta exclusivamente o setor da perícia médica. Todos os outros serviços das agências estão sendo realizados. Garante que a situação na gerência de Fortaleza é de estabilidade. "Apenas 15% dos peritos aderiram à greve, com 69% dos atendimentos diários sendo realizados", informa.

Devido à greve, o INSS orienta os segurados que têm perícia agendada a comparecerem à Agência na data e hora marcadas para a realização do procedimento. "O trabalhador que, em consequência da paralisação, não for atendido, poderá marcar outra data imediatamente", garantiu a direção.

LÊDA GONÇALVES

REPÓRTER


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