quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Ponto de Vista - 2013, o Ano da Moralização desponta

A gestão teve coragem. As recentes e recentíssimas medidas moralizadoras do INSS dirigidas especificamente à Perícia Médica têm causado uma verdadeira onda de Pânico entre os Médicos do INSS de lotação supostamente "privilegiada" - supostamente porque estes muitas vezes ensaiam discursos de que trabalhariam demais e sem qualquer compensação financeira à altura. Ora, como explicar que ainda semana passada soube de colega que debulhou-se em lágrimas ao saber que desceria - alguns dias da semana - da JRPS para o atendimento. Quem viu pensou que tinha morrido um familiar muito querido. Não existe privilégio? Ora, mas por que então o pruriginoso alvoroço?

A primeira das medidas, não foi, no meu entender, um ato de coragem, mas uma resposta urgente inadiável a constatação indefensável de má-gestão em resposta a demanda judicial no RS. Há aproximadamente 1 ano se determinara a lotação 70% dos Peritos no atendimento ao Público, ainda na Gestão Mauro Hauschild. Ação prontamente ignorada na maioria das gerências. Há cerca de 30 dias, outra medida, na mesma linha, determinou a cessação das cessões e o retorno às APS de Médicos agarrados firmemente com unhas e dentes políticos nas tetas dos setores mais que disputados, como JRPS e Procuradoria, estes que dizem que se morre de trabalhar, a coisa apertou de um modo que houve ranger de dentes e desespero com verdadeiros surtos psiquiátricos nos corredores. Sabe-se que telefonemas coléricos, emails abespinhados, chantagens emocionais, cobranças de dívidas políticas, sociais e até econômicas chacoalharam, fervilharam e evisceraram a maioria das Gerências. Tremores, suores noturnos, alucinações sensitivas e labilidade emocional coletivos. Uma turma velha nova querendo saber sobre SISREF, SGA, SABI e Agendamento. Ora, de trabalho intenso para trabalho intenso não precisava de tanto. Mas o plano ainda não estava totalmente efetivado. Como não bastasse, comunicado interno de 1 semana atrás, sem nenhum espírito de fraternidade natalina, porém de abundante moralidade, delimitou um máximo de 5 peritos para lotação nas Secções de Saúde do Trabalhador. Inseticida no centro Formigueiro.  

Distante de achar qualquer graça sobre o fato e, analisando seriamente, se constata de forma verossímil que, de fato, havia no INSS um absurda desigualdade interna conforme este Blog denunciara há meses. Sim, os dados de mapeamento e monitorização dos servidores Peritos Médicos já vinham apontando sobre os absurdos enraizados no sistema de distribuição interna como: a participação de menos de 50% do quadro pericial no espinhosíssimo atendimento ao público na maioria das APS – isso porque este é tido como prioridade na casa; peritos lotados em SST e JRPS sem função conhecida, sem sequer terem 1 ano de trabalho em APS - para compreenderem a dinâmica do atendimento - e sem sequer serem portariados; peritos lotados nos SIASS atendendo um média de 4 a 5 perícias por dia enquanto a sua gerência agendava para 90 dias; e finalmente, grupos de assistentes técnicos necessários, porém, escolhidos por afinidades pra lá de pessoais - um Clube Privativo. Mas a mais impressionante de todas as descobertas, no entanto, foi a existência de Peritos fantasmas de lotação INDETERMINADA. Isso mesmo, I-N-D-E-T-E-R-M-I-N-A-D-A, que ninguém sabia por onde andavam. Almas Penadas entre o céu e o inferno em se encontra a carreira de Perito Médico. A carreira mais dividida das divididas. Ou se é veterano, ou bisonho. Ou se é escravo, ou feitor. Ou se é pelego, ou se luta. Ou se passa xingado, ou se passa batido. A quem interessa isso? Absolutamente ninguém, todos perdem.  Inclusive o governo, que desconfiou, provocou e fez. Derramou a água sanitária.

Há meses nós do Blog Perito.med alertamos sobre a necessidade de qualificar e fortificar as decisões periciais administrativas. De se escutar e se estudar o comportamento e a conduta periciais cientificamente. De se valorizar o bom laudo médico técnico e se aprender com os próprios erros nas imprescindíveis, cambaleantes e tartamudeantes, reuniões técnicas. Infelizmente o foco pessoal da maioria dos Médicos do INSS não vinha sendo a constante tentativa de se corrigir, se aprimorar e se superar em qualidade, mas sim a urgente e obsessiva luta por um lugar confortável ao Sol, onde e quando não precisariam correr riscos de agressões e morte, atender com cronômetro ligado, bater ponto eletrônico muito menos ser submisso aos caprichos de chefete. Ou seja, qualquer coisa fora do atendimento ao público. É verdade que o comportamento da instituição ajuda muito com módicas cobranças sobre os laudos e severas cobranças na dinâmica laboral. Ou seja, folga na cintura e aperta nas pernas. O Resultado é desmotivação de dezenas de bons peritos que preferem suas atividades privadas e alarmante demissão em massa – o turnover da Perícia Médica daria um estrelada tese de doutoramento. Por fim e para tanto, a principal luta do Perito Médico tem sido não estar ou ser ele mesmo, sobre a qual todas as outras luta são menores. Ultrapassar, desviar e saltar fases indispensáveis básicas para ocupar outras posições institucionais. Para mim, ocupante de JRPS ou SST deveria ter pelo menos 10 anos de APS e votação interna. Pronto falei. 

Felizmente os ventos de mudança tem soprado sobre as ruínas do que restou e gerado uma legião de furibundos desconsolados e desmamados à revelia. Oxalá nossos gestores consigam equilibrar e vencer as pressões políticas no ano de 2013 e fortalecerem alguns bons passos dados. Que possam compreender de uma vez que o planejamento, a execução e o controle da qualidade do serviço são as mais importantes das suas atribuições. Que possam entender que a realização de concursos anuais não resolverá o problema a longo prazo e que somente é possível combater o desapego ao cargo com a melhoria da péssima organização do trabalho e redução das cobranças administrativas operacionais. Que possam motivar, restaurar e levantar o brio dos Peritos outrora com a certeza de que isso repercute diretamente no atendimento ao segurado feito 70% das vezes por estes. Nenhuma grande mudança vem sem incomodar. A gestão mostrou que tem coragem, falta agora mais ação. O sangramento está iniciando. As cicatrizes virão invariavelmente. Mas que tratamento de doença grave não tem? Ora, que venha 2013 beligerante, irritante, exasperante e impactante, mas que se mude. Para melhor claro.

4 comentários:

Snowden disse...

O indivíduo se encontra numa Zona de Conforto! A sociedade cada vez mais egoísta e egocêntrica ao limite!
E aqueles que poderiam fazer algo de diferente por os que estão na linha de frente nada faz! Isso é reflexo de um País medíocre!
Vejam o caso do Elielson, perito que estava "de boa" e que ao invés de ajudar sempre metia o pau na Pericia, com discurso repleto de bravatas, de chavões! Então em síntese é assim! Enquanto a Sociedade for Egoísta e cada um pensar apenas no SEU bem estar, o país vai ser essa mediocridade! Vai estampar sempre esses indicadores sociais e econômicos, os serviços públicos serão sempre de péssima qualidade e os desvaneios políticos serão a rotina! Nao se constroe um país de primeiro mundo calcado nessas bases! Vejam a fortuna de dinheiro que o INSS perde com essas intervenções meia boca do MPF, vejam a quantidade de ações judiciais que o INSS figura como réu, o custo disso pro Brasil e pra justiça?! Tudo está interligado numa catraca de ineficiência! É ser burro de mais ter uma elite de Profissionais de nível superior e nao saber conduzir e tirar o melhor dos mesmos! É ser Brasil!

Unknown disse...

Heltron, isto já faz parte do plano de implantação da nova carreira

Unknown disse...

E, aproveitando , parabenizar pelo texto desejando um feliz ano novo

Fernando disse...

Bom, não vou discutir se deve ou não.
Mas pensando bem, o governo deveria MESMO terceirizar a pericia previdenciária!
Sabe porque?? Se o governo fizer um MEGA concurso para aumentar o numero de peritos, de cada 10, uns 9 vão ficar escondidos pelos SST´s e Juntas da vida! Sabe porque?? Porque NINGUÉM quer fazer pericia exposto a violência, sobrecarga de trabalho etc...
Então se os CONCURSADOS não fazem perícia, vamos credenciar mesmo! É a lógica do governo que tenho que concordar!
E sobre a afirmação "ensaiam discursos de que trabalhariam demais e sem qualquer compensação financeira à altura" é falaciosa!
Aceito redução de 10 % do meu salário para sair da linha de frente! Alguém TOPA??
Como não sou um gênio e enxergo isso, com certeza o governo percebeu a mesma coisa...