quarta-feira, 13 de junho de 2012

INDEFERIMENTO INSTITUCIONAL TRAVESTIDO DE PESSOAL

Duas notícias divulgadas pelo Héltron neste blog hoje merecem reflexão. O Sr PCC ameaça de morte uma médica em Santo André porque ela teria negado um benefício e o dinheiro nem era dela, como PCC escreve no seu vídeo criminoso. Boa parte dos cidadãos pensam assim, embora não ajam como o criminoso PCC. O bem público não é visto como "de TODOS", mas "de NINGUÉM". O perito é visto como alguém que tem à mão o dinheiro sem dono que o cidadão quer ver na sua mão. Não custa nada... Os outros trabalhadores e empregadores que puseram o dinheiro ali não falam nada?
O perito, servidor público comprometido com sua vocação e responsabilidades indefere quando é para indeferir (minoria das vezes) e, quando o faz ele está cumprindo as normas legais e não a vontade própria. Ele atua na defesa do patrimônio coletivo, indispondo-se com o indivíduo que não tem o direito que quer fazer valer, ou na defesa do cidadão, quando esse tem direitos que o Estado tem que reconhecer. E o perito erra pouco, como confirma a Justiça em 90% das vezes em que é acionada.

Que o cidadão entenda assim, pode-se até compreender, inclusive porque o Governo não esclarece que há regras que não estão aí para serem burladas. O Governo populista só fala de direitos, favorece o acesso, dificulta as aposentadorias por tempo de trabalho pressionando o requerimento de auxílios-doença. E deixa para o perito negar, dando a entender que é deliberação pessoal negar, que o Governo faz tudo para amparar, deixa o dinheiro na mão do perito, mas ele, desumano que é, nega-se a distribuir para o povo. Isso, senhores, é fraude intelectual, é má-fé. Peritos são ameaçados de morte, ou mesmo mortos, porque o Governo não deixa claro que o perito tem autoridade, representa o Estado e age segundo a Lei. Que não é um médico comum, é um PERITO FEDERAL a serviço do interesse coletivo da nação.

A segunda questão do dia tem relação com a primeira. Ao não valorizar o papel de carreira de Estado de sua perícia médica, ao remunerar indignamente, ao fomentar a desprofissionalização, o Governo permite que seus peritos exerçam atividades conflitantes com sua atividade pública. Afinal, se deseja que o médico perito seja o mais semelhante aos demais e desgraçadamente desvalorizados médicos, classe que efetivamente integra, ganhe pouco, tenha pencas de atividades para sobreviver e que o cidadão o veja como um mau médico, desinteressado e "na correria"; jamais alguém que fala em nome do Estado. O caso divulgado pelo Héltron apenas ilustra o que acontece com o médico que o Governo detona através de medidas como a MP568, incapaz de dar o braço a torcer e, no caso do INSS, reconhecer sua inigualável importância estratégica, econômica e social.

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