sábado, 29 de junho de 2013

MÉDICOS CUBANOS DESPREPARADOS

‘É absurda decisão do governo brasileiro de importar médicos’, diz dirigente da Confemel

Segundo Douglas Natera, cubanos que atuaram na Bolívia e na Venezuela não possuem experiência nem conhecimento para atuarem como médicos
Em entrevista, ele cita casos de erros médicos cometidos por cubanos em países da América do Sul
O Globo

GUSTAVO URIBE (FACEBOOK·TWITTER)
Publicado:28/06/13 - 18h43
Atualizado:29/06/13 - 8h28

SÃO PAULO - Em entrevista ao GLOBO, o vice-presidente da Confederación Médica Latinoamericana y del Caribe (Confemel) e presidente da Federación Médica Venezolana (FMV), Douglas León Natera, considerou “absurda” a decisão do governo brasileiro de trazer médicos estrangeiros ao Brasil. Em visita a São Paulo, para participar de palestras e eventos, ele lembrou que, na Venezuela e na Bolívia, médicos cubanos cometeram uma série de erros clínicos e, segundo ele, provaram que não têm conhecimento nem experiência para atuarem no ramo da medicina. Ele cobrou do governo brasileiro que obrigue os estrangeiros a revalidarem o diploma e informou que, em outubro, pretende apresentar um relatório sobre os erros cometidos por cubanos à Associação Médica Mundial.

GLOBO Como o senhor avaliou a decisão do governo brasileiro de trazer médicos estrangeiros ao país?

DOUGLAS NATERA É uma decisão absurda a pretensão do governo brasileiro de importar médicos estrangeiros, já que formam-se todos os anos, no Brasil, em torno de 16 mil médicos. Se o governo federal necessita de 6 mil novos médicos para atuarem em zonas mais carentes do país, ele deve oferecer esses cargos às universidades federais, que podem preencher essas vagas por meio de concursos. Então, não há necessidade de importar médicos. O Brasil não merece o que fizeram em Venezuela e em Bolívia.

Como foi a experiência de médicos estrangeiros nesses dois países?

Na Venezuela, o ex-presidente Hugo Chávez trouxe em torno de 30 mil cubanos para o país, que diziam que eram médicos. Pelo que observamos, no entanto, eles não eram médicos, não tinham experiência nem conhecimento para atuarem como médicos. Nas pastas que trouxeram de Cuba, eles carregavam apenas cartas dos governos de Cuba e da Venezuela e um papel sem valor de título universitário. Eles começaram a chegar na Venezuela em 1999, após um acordo feito pela ex-esposa de Hugo Chávez María Isabel Rodríguez com o Ministério da Saúde de Cuba.

Por que os médicos cubanos, como o senhor disse, não estão preparados para atuarem na área?

A razão porque digo que eles não são médicos é que temos informações que esses cubanos cometeram erros clínicos em países da América do Sul. Na Venezuela, por exemplo, um jovem de 18 anos apresentou febre alta de 41º graus e não havia forma de reduzir a sua temperatura. A mãe do paciente disse ao médico que ele era alérgico a dipirona, mas ele respondeu que cuidaria disso depois, que o importante naquele momento era reduzir a febre. O suposto médico injetou a dipirona no paciente. Em cinco ou dez minutos, ele estava morto e ninguém nunca mais soube desse médico. Um outro caso, ocorrido em Bolívia, foi de um paciente, de 36 anos, que caiu de uma árvore e sofreu um traumatismo lombar. No hospital, disseram que ele deveria passar por uma operação, porque havia um sangramento renal. O cubano extraiu um dos rins do paciente, o que era equivocado. Os médicos depois fizeram um interrogatório a esse cubano e viram que ele não entendia nada da anatomia dos rins.

Mas no Brasil, uma das condições impostas pelo governo federal é de que os médicos estrangeiros não poderão fazer cirurgias, mas atuarão apenas na atenção básica da saúde.

Essa é a mesma teoria que aplicaram na Venezuela, que esse médicos atuariam na parte de prevenção e promoção da saúde. Os médicos cubanos fizeram fama de terem avançado, sobretudo, na área preventiva. Eu não sei como eles justificam, então, o fato de terem sido diagnosticados mais de 44 mil casos de dengue por ano, do ano de 2000 a 2012. Este ano, por exemplo, os casos de malária se duplicaram e houve o retorno, nos últimos anos, de casos de tuberculose. Essa teoria, que estão usando no Brasil, usaram também em Venezuela e as pessoas mais pobres acreditaram.

O governo de Cuba alega que esse médicos possuem formação universitária.

Eu não duvido da formação universitária dos médicos que estão nas universidades, mas os médicos que foram a Venezuela e Bolívia não têm essa formação e não comprovaram que são médicos. Eu digo, portanto, que são cubanos, mas não médicos.

O senhor é, então, favorável à revalidação do diploma a estrangeiros no Brasil?

Para trabalhar nos nossos países, é necessário cumprir regras previstas na lei. Para trabalhar em Venezuela, é necessário ter um título de uma universidade venezuelana ou, para um estrangeiro, um título revalidado. No Brasil, é a mesma regra. Sem a revalidação, exerce-se a medicina ilegalmente. Na Venezuela, nenhum dos cubanos fez a revalidação do diploma médico. Por isso que dizemos que os que estão em Venezuela exerceram ilegalmente a medicina, assim como os que estão em Cuba. É indispensável que se revalide o título para saber quem está entrando no Brasil.

A CONFEMEL comunicou os erros médicos cometidos por cubanos aos governos da Venezuela e da Bolívia? E para a Organização Mundial de Saúde (OMS)?

Nós estamos há mais de dez anos analisando esses casos. Nós solicitamos uma audiência com o governo da Venezuela, bem como enviamos avisos ao governo da Bolívia, mas não houve resposta até agora. Eles preferem o silêncio administrativo para não entrar em uma polêmica e terem que justificar o que não tem justificativa. Em outubro, vamos fazer uma apresentação desses casos e entregar um relatório para a Associação Médica Mundial (AMM)

O jornal espanhol “El País” noticiou em 2010 casos de médicos cubanos que fugiram de países da América do Sul com receio de voltar a Cuba. Esses episódios ainda ocorrem?

Há informações de que cubanos saíram da América do Sul e foram para a Flórida, Miami (USA). Eles atuavam como ajudantes de médicos e não especificaram se saíram da Venezuela ou da Bolívia. Segundo informações, cerca de 5 mil cubanos foram para Miami.

Se esses médicos não são qualificados para atuarem profissionalmente, como o senhor afirmou, por que governos da América do Sul os importam?

Porque esses governos não se importam com a saúde do povo para quem governam. O que concluo é que esses governo sentem um profundo desprezo pelos mais necessitados e o que os interessa são apenas os seus interesses.

2 comentários:

H disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
H disse...

Quem os trouxer, sem prova de revalidação, mesmo após alerta de entidades médicas e demais exposições pela mídia, deve ser plenamente responsabilizado como solidário pelos erros médicos. Seja ele ministro (médico) ou presidente do país. É um ato consciente e responsável de quem o fizer. Podem vir médicos de Marte, desde que revalidem seus diplomas. A vida vale muito e não pode ser sabotada pela politicagem.