terça-feira, 25 de junho de 2013

NOTAS CURTAS - PADILHA

NO FIO DA NAVALHA

Não caiu bem no gabinete do Ministro Padilha a notícia de que a denúncia que a AMB promoveu contra ele no STF por improbidade administrativa pelo não uso de 17 bilhões de reais do orçamento da saúde em 2012 terá como relator o Ministro Celso de Melo, decano da corte, conhecido pelo rigor técnico estrito.

ENQUADRADO PELOS PARES

A pedido do Ministro Padilha, foi organizada uma reunião dias atrás entre a cúpula de seu ministério, senadores médicos e os representantes das entidades médicas, CFM, FENAM e AMB. O motivo era a representação junto ao STF. Os senadores tentaram, dentro de sua função constitucional, entender o problema e propor uma composição para diminuir os atritos. Porém diante da postura inflexível do Ministro a respeito da importação de médicos estrangeiros sem a revalidação de seus diplomas, não houve acordo. Padilha ouviu duras críticas sobre a falácia de sua argumentação, a manipulação de números, o fato de estar a 3 anos no cargo e só agora ter "percebido o problema", o fato de ter abandonado o até então sacro santo discurso da "multiprofissionalidade" e foi criticado por sempre se referir a países desenvolvidos quando ao defender seu projeto, já que quer usar controles de países desenvolvidos no SUS mas oferece à nação uma estrutura de saúde africana.
E teve que ouvir, calado, que na verdade o governo só está promovendo esse assunto pois a política de sua presidente se guia por pesquisas de opinião de marqueteiro (João Santana) e não pela lógica, técnica e bom senso. Os senadores engrossaram o caldo e ao mesmo tempo que tentaram amenizar o clima tenso cobraram do ministro uma posição para evitar a discriminação de brasileiros e que da forma atual uma MP seria derrubada no Congresso.

RECUO ESTRATÉGICO

Após esta conversa, o Ministério da Saúde recuou em alguns pontos de sua proposta original: Fará um edital público de vagas, com prioridade para brasileiros e "eventuais sobras ficarão com os estrangeiros". Além disso quer o impossível: definir que o médico estrangeiro só faça medicina básica, não possa fazer clínica particular, não possa fazer cirurgias nem exames complexos e insiste na tese de trazê-los sem exame de proficiência de português nem revalidação de diploma (claro, não irão tratar a mãe dele, decerto).

ME LEVA QUE EU VOU

Padilha quer aproveitar a onda de caos social causada em boa parte por sua ineficiência junto à Saúde (demorou 3 anos para "descobrir" que faltavam médicos no SUS mas aponta causa e tratamento errados) para deslanchar o programa Mais Médicos, que junto com o Provab promete ser a "solução do SUS", colocando médicos em locais sem nenhuma estrutura, segurança, insumos e logística. Oportunismo puro.

ME TIRA DAQUI

Dados do Provab 2 mostram que 50% dos médicos inscritos já sairam correndo da arapuca. 20% por entrarem em residências médicas (não esperaram pelos pontos) e 30% por descumprimento do contrato. Padilha esconde o fracasso do programa dizendo que será "implacável com o cumprimento do horário". Ainda não aprendeu o erro. Ou não explicou pros médicos que ele quer o "doutor dipirona", que chega e sai na hora e só prescreve seu nome para as pessoas.

1,2,3....

As propostas de trazer médico sem qualificação, sem revalidação, sem sequer saber falar o básico em português, para atender em áreas pobres, sem registro de CRM por força de MP viola tantos artigos constitucionais que é pule de 10 que o assunto vá parar no plenário do STF. Viola preceitos básicos sobre liberdade, mobilidade, seguridade, segurança nacional, trabalho, saúde, isonomia etc.

TODOS SOMOS IGUAIS, MAS ALGUNS SÃO MAIS IGUAIS QUE OS OUTROS

Na proposta padilhana, um professor de medicina francês, catedrático de Gastroenterologia, que seja contratado para trabalhar em um serviço de excelência em São Paulo, onde só terá clientela VIP, terá que fazer o Revalida, exame de proficiência em português, se submeter às regras do MTB, dentre outros. 
Mas médicos cubanos e espanhóis, sem nenhuma checagem de seus diplomas, formação ou bagagem, serão contratados diretamente para atender a população pobre, sem sequer saber falar o básico de português, sem nenhuma responsabilidade sobre seus erros, sem necessidade de registros em ministérios e órgãos de controle. Esta é a democracia do PT.

FAÇA O QUE EU DIGO, NÃO O QUE EU FAÇO

Quando era líder na DENEM, lá pros idos do final dos anos 80, Padilha cantava e soletrava o mantra da recém-criada entidade representativa dos estudantes de medicina: "Chega de treinar nos pobres para tratar os ricos". Era uma crítica ao modelo de formação médica e de saúde existentes na época, pré-SUS (INAMPS).
25 anos depois, quando a geração DENEM atinge o poder com sua nomeação ao Ministério da Saúde, o que é que o atual Ministro propõe? Sim, vamos treinar nos pobres para tratar os ricos depois. Após 3 anos usando os pobres de cobaia, os "estrangeiros" poderão revalidar seus diplomas e exercer a medicina em qualquer lugar do Brasil.

THE NUMBER ONE

Para a classe médica, Alexandre Padilha já tem um lugar de honra reservado: É o pior ministro da saúde de todos os tempos. Fazer-nos sentir saudades do Temporão definitivamente não é para qualquer um. Parabéns.

Um comentário:

sergioperito disse...

Matéria de excelente postura,colocação e realidade.Parabens ao autor.