Um blog do Estadão, notoriamente crítico ao petismo, foi usado essa semana (provavelmente sem a ciência do autor, que foi enganado) para divulgar um falso relatório sobre produtividade no INSS que teria sido "a causa" da queda do ex-presidente Hauschild.
O que chama a atenção nesse suposto relatório, vazado para o blogueiro, é a quantidade de informações errôneas e absurdamente fraudadas que foram divulgadas. Tão falso que chegamos a pensar: Por que algo tão mentiroso?
A resposta veio na leitura do próprio blog, na parte em que cita que "o ex-presidente Hauschild desfalcou a equipe de perícias nomeado médicos para ocupar cargos nas superintendências de vários estados" e cita como exemplo a Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Alagoas e Pernambuco. Chama a atenção também a estocada ao falar em "foco de retrocesso".
Quem se deu ao trabalho de plantar esse "relatório" em um blog não-alinhado ao governo certamente quer preparar o terreno para remover toda e qualquer chance dos médicos virem a assumir postos de gestão no INSS. O medo é óbvio: gestores médicos competentes podem acabar com as filas, como está ocorrendo em Porto Alegre, e com isso o esquema de diárias e venda de facilidades no meio das dificuldades pode cessar e causar prejuízo a muita gente que praticamente incorporou essas diárias em seus vencimentos ou as usa como instrumento de poder interno.
O argumento estapafúrdio de "desfalque de médicos" não se sustenta, pois o que são 4, 5 ou até mesmo 50 médicos no Brasil em cargos de chefia gerencial comparados com os 4100 médicos existentes? O que desfalca mais? 5 médicos em gerências-executivas ou 1.500 médicos lotados em funções burocráticas, fora da linha de frente, em gerências comandadas por administrativos?
A parte que cita as "superintendências" é absurdamente falsa: Há mais de 10 anos que o INSS não têm superintendências estaduais; as superintendências (antigas gerências regionais) são apenas 5, que englobam basicamente a divisão macroeconômica do país (SR1 - SP, SR2 - RJ ES MG, SR3 - Sul, SR4 - Nordeste, SR5 - Norte/Centro-Oeste). E as divisões de gerências são regionais, não estaduais (Ex: Gerência Salvador, Gerência Juazeiro, a cidade de São Paulo tem 4 Gerências só pra ela, etc). Jamais um relatório do INSS traria informações com esse tipo de descrição.
Dos estados citados, a maioria não possui UM médico em gerência executiva. Já estados onde notoriamente médicos assumiram o comando em algumas gerências foram "omitidos".
Quanto aos números, mais falsidade. O Tempo Médio de Espera para Atendimento (TMEA) nacional em dezembro de 2010 era de 20 dias, não 15. O TMEA-PM (perícias) não era de 11 dias em jan/11, era o dobro, 22 dias.
O aumento do TMEA-PM se dá a partir de ação da DIRBEN em agosto de 2009 com a revogação do Memo 42, fato já amplamente explicado neste blog. (clique aqui, aqui e aqui)
Quem vazou o falso relatório ao BLOG quer, repito, criar um ambiente para acabar com o movimento pela autonomia médica, acabar com a recente política de ocupação de gerências por médicos e mais, quer abortar o planejamento que Hauschild vinha fazendo em criar mais 20 gerências-executivas e 9 superintendências.
Tem gente que não quer dividir o poder e entra em pânico ao saber que essas novas gerências a serem criadas poderiam ser ocupadas por médicos.
Mas quem faria isso? Quem boicota a categoria médica há mais de 10 anos, quem que é responsável direto pelas filas no setor de benefício? Quem que se refere a médicos como "equipe de perícias" e acha um retrocesso médicos ocuparem cargos de gestão? Quem que notoriamente era contra a gestão do ex-presidente Hauschild ? De onde vem esse grupo que tem pânico de médicos zerando filas e não sendo mais culpados pelas mazelas institucionais?
Quem? Quem, DIRBEN?
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