segunda-feira, 22 de outubro de 2012

EDITORIAL: VÁRIAS VERSÕES, APENAS UMA VERDADE.

A semana passada começou quente com a notícia da queda do Presidente do INSS, Mauro Hauschild, fulminado e fritado em praça pública pela Presidente Dilma, que o exonerou através dos jornais. Demitido do cargo de fato mas não de direito (até hoje não houve a publicação de sua exoneração) e humilhado publicamente, Hauschild tentou acionar seus contatos mas foi em vão, as pontes já estavam queimadas.

Sem alternativa e seguindo a mesma linha defendida neste blog, ele se adiantou e entregou sua carta de demissão ao Ministro, encerrando sua carbonização pública. Aguarda recolhido a  publicação de sua exoneração.

Surgiram várias versões para a atitude supostamente intempestiva da Presidente. A primeira dava conta de que ela teria ficado insatisfeita com o fato dele ter tirado férias e ido ao RS fazer campanha para amigos. Depois circulou que ela teria ficado zangada por ele ter falado em nome dela durante a campanha, mas essa versão ficou estranha pois TODOS governistas fizeram isso, inclusive ministros como Mercadante, Padilha e Pimentel. E Hauschild fez campanha pelo PT e PcdoB, partidos aliados. Não convenceu e este blog inclusive lançou essa dúvida no ar, questionando a justificativa.

Em seguida a desculpa usada foi a de que o INSS apresentava números ruins, mas esses números sempre foram os mesmos há anos. Não justificava a titude súbita da Mandatária.

Depois novas versões insinuaram que ele teria sido queimado pelo Secretário Executivo, Gabas, que teria se reunido com a Ministra da Casa Civil para falar mal de Hauschild e reclamar da viagem e de seu trabalho. Essa versão era mais verossímil, pois era notório que Gabas estava boicotando a presidência dele e não era de hoje.

Porém ainda parecia muito pouco para a forma como a demissão se deu. Mais versões falavam que ele teria sido boicotado pelo PMDB, com medo de que ele se candidatasse ao Senado no RS, mas essa versão parece ser uma das mais incompletas, pois ele não tem cacife (ainda) para esse tipo de candidatura e o seu cargo era por indicação do PMDB, apesar dele Hauschild não ser do partido. Ou seja, também era fraca demais a explicação.

Agora surge a notícia de que sua demissão foi a cabo de pressões familiares internas pois ele teria contrariado o ex-marido da Comandante em Chefe apoiando candidatos rivais aos que ele apoiava. Conhecendo Brasília, essa versão parece explicar melhor a súbita fúria da Presidente  Se foi isso, não era mais fácil uma ligação mandando ele voltar a Brasília e calar a boca?.

Pode ter sido um "misto" de várias das versões acima, também. Com certeza ele foi usado como "exemplo" para outros casos que ainda desconhecemos. 

Mas a verdade é uma só: Se os números do INSS não estivessem ruins, não haveria pretexto algum que conseguisse derrubá-lo do cargo. Mas como os números estavam lamentáveis, ficou fácil decepá-lo.

Se Mauro Hauschild tivesse cumprido a sua palavra dada aos peritos no início de 2011 e revitalizado a carreira pericial, tornado a carreira atrativa novamente e lutado pela valorização do perito, com certeza o INSS não teria problemas com atendimento, ele seria o "salvador" da instituição e não só estaria blindado no cargo como teria força para exigir algo melhor.

Mas Mauro preferiu ouvir as pessoas erradas, sentou em cima dos projetos de reestruturação da carreira pericial, menosprezou o poder dos peritos e quando acordou para a realidade, após os eventos de junho de 2012 em Porto Alegre, já era tarde demais.

Mauro pagou caro pelas escolhas erradas que fez. Teve a chance mas faltou coragem ou visão ou ambos. De qualquer maneira, foi engolido pela máquina de retroalimentação autárquica que ajudou a manter. No fim, mais uma vez, quem decidiu foi a perícia médica. Os péssimos números nesse setor selaram sua sina.

Sai taxado de "demitido" e "péssimo gestor" e pode piorar pois em tese deveria sofrer PAD por uso do cargo para obter vantagem a si ou a outrem, já que foi acusado disso pela própria Presidente. Um fim triste para quem começou com tanta empolgação.

Não foi por falta de aviso. Que o próximo Presidente do INSS não repita os mesmos erros, não se deixe envolver pelos que só querem manter o INSS na lama para obter vantagens no meio das dificuldades e trate melhor os que respondem por 70% do atendimento do Instituto, ou seja, os peritos.

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