segunda-feira, 17 de outubro de 2011

ACABEI DE PEDIR EXONERAÇÃO. CHEGA!

Estou exonerado a pedido a partir da data de hoje. Finalmente me decidi.

Minha história no INSS foi muito curta, entrei no concurso de 2010, trabalhei apenas 1,5 anos. Tenho portanto pouca experiência para aconselhar outros peritos. Ou não? Ou minha pouca "experiência" não seria minha vantagem ?

Após minha curta passagem no INSS, me pergunto o que mantém os peritos atuais neste trabalho. Conheci alguns peritos ruins sim. Mas surpreendi-me com muito perito bom. A maioria. Pessoas sérias, conscientes da importância de seu trabalho. Continuariam sendo bons profissionais fora do INSS. Por que continuam ?

Financeiramente com certeza não vale o esforço. Ganha-se mais fora do INSS (ou, se for mal pago, igual). Entendo por que médicos no final da carreira continuam no INSS; estão aguentando porque querem se aposentar. Justificado.

Mas conheci muita gente nova (até mais novos que eu) e que entraram no concurso de 2005/2006, tem uma carreira médica inteira pela frente fora do INSS, mas continuam aqui. Aguentam esta porcaria há 5 anos. Por quê ?

Desculpem-me se serei injusto, mas vou dar meu parecer (meu último) para vocês, peritos. Eu posso estar errado. Se estiver me perdoem, errar é humano, e peritos têm sim direito de errar. Meu parecer é: perito do INSS é mulher de malandro.

A mulher de malandro está casada com um marido que não presta. Logo no início do casamento ela percebe que ele não presta. Vive infeliz. Mas não larga porque sempre há a esperança dele melhorar. Ele promete que vai melhorar.

O problema é que, quanto mais a mulher demora para decidir largar o traste, mais difícil vai ficando. Ela vai se acomodando com a situação, e o que no início era terrível passa a ser aceitável. O que era humilhante passa a ser tolerado. Acomodação. Eu pelo menos senti isso, que estava me acostumando com o ruim. E assim vão se passando os anos. Normalmente ela só acorda quando olha para trás e vê uma vida inteira perdida neste casamento. Aí é tarde.

E por isso que digo que minha falta de "experiência" pode ser uma vantagem. Quando cheguei, o que encontrei nos peritos foi um monte de esperança. De que estava chegando o dia em que os peritos do INSS seriam tratados (ao menos pela instituição) com o respeito que seu cargo merece. Com remuneração compatível. Com reconhecimento. Com condições de trabalho. E vi que estes peritos, que esperam a tantos anos, vão continuar esperando. Estão esperando o traste parar de beber, parar de bater e resolver virar um marido decente.

De novo, minhas desculpas se ofendi alguém com meu parecer. Se estou errado, desconsiderem. Peçam Reconsideração ! É só o que acha um ex-perito que acabou de dizer BASTA !

Talvez eu volte, sim. Mas se as coisas melhorarem. Depois que elas melhorarem, não vou ficar esperando.

Um abraço a todos os amigos que fiz.
17.10.2011 - F.M. Perito Médico da Região I

5 comentários:

Reginaldo Batista Sartes disse...

Colegas,
Trabalhei 25 anos como perito em Juiz de Fora, MG, aposentei-me há pouco tempo (trabalho desde antes da faculdade e tinha tempo anterior), e, perdoem-me, mas não acho nada disso.
Sou cardiologista, trabalhei na linha de frente, no judicial, analisando processos de aposentadoria especial e da JRPS, no gbenin e fiz inúmeras viagens a serviço pelo Brasil. Fazer perícias,para mim, era festa. E exercia a minha especialidade nas horas de folga.
O salário, é o melhor salário médico do país, talvez, com a exceção do MTE. Emprego federal, estável, com todos os direitos e garantias.
Agora, não é a medicina que aprendemos na escola, certo?
Fui agredido duas vezes. Um segurado (fraco), partiu para cima de mim e foi imobilizado com a ajuda de um colega, e uma senhora, histérica, que me deu umas bolsadas que aparei de tapinhas (na bolsa).
Aposentado, estou numa ótima, bem de vida, continuo trabalhando em outras coisas (devagar) e não consigo entender nada dessa choramingação.
Espero ter sido útil.
Abraços a todos,

Reginaldo Batista Sartes
Perito INSS Aposentado
Juiz de Fora, MG

H disse...

O senhor não consegue entender. E eu não consigo entender essa sua satisfação e felicidade. Muito estranho. Acho que trabalhou em uma ilha da fantasia diferente dos tempos atuais. Só pode ser. Contenta-se com muito pouco. Tá explicada sua felicidade. Ah, o senhor tinha SISREF e controle rígido até da sua respiração? Tinha odiadores de peritos nos seus pés? Ao contrário do senhor, já mataram 2 peritos, já esfaquearam muitos outros, inclusive eu já quase fui morto dentro do consultório, ou deformado por tentativa de me atearem fogo com álcool combustível. Tive que lutar fisicamente pela minha vida. Viu como o senhor não entende o que não sofre? parabéns por estar tão feliz e tão realizado.

H disse...

O senhor não consegue entender. E eu não consigo entender essa sua satisfação e felicidade. Muito estranho. Acho que trabalhou em uma ilha da fantasia diferente dos tempos atuais. Só pode ser. Contenta-se com muito pouco. Tá explicada sua felicidade. Ah, o senhor tinha SISREF e controle rígido até da sua respiração? Tinha odiadores de peritos nos seus pés? Ao contrário do senhor, já mataram 2 peritos, já esfaquearam muitos outros, inclusive eu já quase fui morto dentro do consultório, ou deformado por tentativa de me atearem fogo com álcool combustível. Tive que lutar fisicamente pela minha vida. Viu como o senhor não entende o que não sofre? parabéns por estar tão feliz e tão realizado.

Luiz Carlos Amado Sette disse...

Muito interessante o contraponto do nobre colega mas...pelo menos 19 anos de sua carreira se deu em condições totalmente diferentes da atual. Além do nível de cobranças e exigências ser muito menor, a carga horária, o próprio ambiente de trabalho, era tudo melhor. Pelo menos este é o testemunho que colhi de colegas aposentados ou quase-aposentados com 20 a 30 anos de carreira. Um deles me disse uma frase significativa: " Nós, médicos, MANDÁVAMOS no INSS". Nada a ver com a realidade atual de uma classe oprimida, desprestigiada e cotidianamente desrespeitada.

Francisco Cardoso disse...

Muito fácil falar isso agora. Na sua época, se assinava 4h, se cumpria uma no máximo, com um volume muito menor e quando chegou a era do SABI, GDAMP e 24 perícias todos estavam confortavelmente na JRPS. Realmente, igualzinho a nós. QUanto chororô, né?