terça-feira, 12 de outubro de 2010

CARTA PARA CLAÚDIO HUMBERTO

Como leitor assíduo do seu blog e admirador da sua biografia, não posso deixar de externar meus descontentamento e indignação com a nota publicada ontem 11/10/2010 titulada de “Estado Bandido”. Tal nota é incompatível com a grandeza da qualidade da informação que vem sendo oferecida à sociedade por sua linha de jornalismo político. Nela foram ofendidos diretamente profissionais que se dedicam a trabalhar e lutar por um país mais justo – os Peritos Médicos Previdenciários. Médicos que usam de todo o seu conhecimento científico e autoridade a fim de fazer valer o direito da coletividade sobre o individual e promover a justiça social em um país de tantos contrastes – o perito não tem qualquer interesse em cortar benefícios e nem se permitiria ganhar por isso. Funcionários Públicos que lutam incessantemente por melhores garantias e direitos como quaisquer outros trabalhadores e "fazem de tudo", sim, mas para melhorar a qualidade do serviço oferecido ao povo.  Cidadãos que pagam seus impostos rigorosamente e recebem seus salários valendo cada gota de lágrima e suor que derramam para fazerem valer a legislação do País. A força da mesma lei que lhe garante a liberdade imprensa tão importante para o exercício da sua atividade. E, infelizmente, o Senhor foi mais longe ainda, e ainda mais descuidado, nos ofendeu não somente profissionalmente, mas como seres humanos e cidadãos ao nos chamar de assassinos incansáveis...

As palavras dependem da força de quem as produz e da sensibilidade de quem as lê. Eu li e reli e não encontrei outra interpretação. O senhor foi, no mínimo, precipitado, injusto e descuidado. Lamentável que tenha optado caminhar por um jornalismo voltado para o clamor popular e não para entender a verdade dos fatos. Deveria ter tido mais conhecimento sobre a matéria. Deveria o Senhor saber que o servidor Perito Médico Previdenciário – Redação legal, repito, não tem qualquer prazer em cessar benefícios tampouco deixar sem atendimento pessoas que procuram o serviço de perícias médicas. Deveria saber que o servidor perito não possui nem controle e nem responsabilidade direta sobre os agendamentos. Que estes podem ser suspensos ou adiados por dezenas de fatores alheios ao trabalho do perito como: Excesso de agendamentos – overbooking – o perito trabalha por horário, panes no sistema de informação da Intraprev – há meses a Dataprev alerta sobre o overloading e colapsos dos servidores, falha humana de comunicação do administrador (não-médico) – agenda aberta com perito de férias e enfim várias causas alheias à "simples" vontade do profissional de atender qualquer segurado.

Apesar do choque do lido na sua coluna, ainda acredito no seu bom senso e profissionalismo e também sei que repensar nossos discursos e posições não são fraquezas, mas parte de nossa força e nobreza de caráter. Acretido que repensará sua posição. Para mim ambos, Jornalistas e Peritos sérios deveríamos ter algo em comum: o compromisso com a verdade dos fatos. Estou certo? É verdade? Se assim também pensar, peço que antes de publicar Notas Curtas, porém de tanta repercussão sobre o nosso trabalho, nos procure para dirimir quaisquer tipos de dúvidas ainda que lhe pareçam simples e insignificantes através da ANMP – Associação Nacional dos Médicos Peritos. Encerro por aqui acreditando que o Senhor possa repensar os seus conceitos e valores sobre os Peritos Médicos que neste momento travando uma luta contra o governo exatamente para a melhoria da qualidade do serviço e para que casos como este do seu leitor nunca mais se repitam. Estamos abertos à amplo debate e espero que possamos juntos reparar o dano causado à imagem destes servidores que tanto admiram a sua biografia e trajetória que não merece ter esta mácula.


Heltron Xavier
Delegado ANMP GEXNAT

Um comentário:

Eduardo Henrique Almeida disse...

Belo e correto texto.
Lendo o CH na fonte, percebo que ele se refere aos peritos médicos quando queria dizer INSS. É mais uma evidência de que o perito médico é o profissional símbolo do INSS. A questão é que, tanto o jornalista (que se confunde) quanto nosso próprio empregador (que é mal intencionado), não vêem assim, usando-nos para responder por filas que não são nossas, por erros que são deles, por normas legais igualmente alheias à nossa vontade, por infra-estrutura insuficiente etc.