quarta-feira, 9 de outubro de 2013

DITADURA EM CAMPO - APROVAÇÃO DA MP DO MAIS MÉDICOS ACABA COM O CURSO MÉDICO E RESIDÊNCIA MÉDICA. SÓ RICO AGORA PODERÁ SER MÉDICO.

O texto da MPV 621 (Mais Médicos) a ser aprovado em breve pela maioria governista não é apenas um golpe contra a população pobre que ficará refém de médicos sem CRM e sem qualificação. O texto, repleto de contrabandos inseridos pelo relator, deputado Rogério Carvalho (médico de formação e anti-médico de vocação), irá acabar com o curso médico e com a residência médica.

Os contrabandos (enxertos à MP que não faziam parte do projeto original nem são referentes ao tema em si) incluem:

1) Necessidade de colocar 30% do internato em medicina de família e comunidade.

2) Todas as residências médicas, com exceção de algumas áreas como genética e medicina do esporte e do tráfego, passam a ter como pré-requisito residência de 2 anos em medicina de família e comunidade.

3) Retoma o falido projeto PROVAB, obrigando os hospitais a darem até 20% na nota de quem fizer medicina em áreas carentes antes da residência médica.

O problema é um só: Não tem espaço físico nem tutoria para colocar ao mesmo tempo 9.000 alunos de medicina (30% dos atuais formandos) em internatos de medicina de família, muito menos onde colocar mais de 40.000 residentes (R1 e R2) em programas de medicina comunitária.

Isso é uma forma encontrada para retomar o projeto de serviço civil com médicos recém-formados e ainda despreparados para a prática cotidiana (pois não fizeram residência) para atender os pobres e carentes, poupando o governo de gastar com estruturação do SUS e carreira de médicos do SUS.

Pior: Por pelo menos 2 anos todos os hospitais públicos vão ficar sem residentes em clínica, cirurgia, pediatria, GO e demais áreas, pois o acesso será vedado. Vão ter que fazer, sabe-se lá onde, medicina comunitária. Algumas áreas, como Urologia, Cardiologia, Oftalmologia, dentre outros, vão ficar com 4 anos sem residentes pois além da medicina comunitária eles terão que fazer residência posterior em clínica, cirurgia, etc.

Na prática, quem entra na faculdade aos 18 anos e se forma aos 24 anos vai ter que fazer mais 6 anos de residências, com bolsas ridículas (20% do valor da bolsa do Mais Médicos com carga horária 50% maior) e só vai virar especialista aos 30 anos de idade.

Este blog pergunta: Quem consegue, hoje em dia, depender dos pais até os 30 anos de idade para começar a ganhar salário e dinheiro por conta própria? 

E vou além: O governo tenta na marra forçar as pessoas a serem servas do Estado, e a fazerem algo que não são sua vocação. Voluntarismo e altruísmo jamais podem ser alvo de cobrança compulsória, exceto em regimes ditatoriais. O que ocorrerá é o abandono das residências médicas e um aumento na disputa por vagas de especialização nos cursos pagos das sociedades médicas.

Ou seja, o Mais Médicos vai elitizar o curso médico como jamais antes na história. Só vai se aventurar a ser médico quem tiver família que o sustente até os 30 anos de idade e/ou que possa pagar caro pelas anuidades dos cursos de especialização.

E o Mais Médicos será triplamente discriminatório ao cidadão pobre pois:

1) Vai criar duas classes de médicos = Os com CRM, em tese mais qualificados, e os sem CRM, que não serão submetidos a nenhuma avaliação de conhecimentos.Obviamente, os pobres só terão acesso aos sem CRM.

2) Os especialistas só conseguirão se formar se tiverem dinheiro para tal. Os estudantes sem dinheiro vão ter que se contentar em serem meros médicos de família, carreira sem estímulo e sem futuro, pois não poderão sustentar 6 anos de bolsas be baixo valor e irão rapidamente cair no esquema dos PSF. A população pobre vai ficar sem os especialistas pois eles não estarão mais fazendo residência nos hospitais públicos, e sim nas clínicas privadas e centros privados da vida.

3) Haverá um colapso do atendimento de PS, UTI e ambulatórios gerais dos grandes serviços públicos, pois por pelo menos 2 anos não haverá residentes, que como sabemos, tocam 80% de todo o atendimento de emergência e hospitalar do SUS no Brasil.

Mas, é claro, o governo só está "preocupado" em ter "mais médicos" no Brasil. Quem quiser que compre esse discurso.

3 comentários:

sonoimax disse...

Estou na política do urubu: quanto maior a seca, mais boi morre, mais ele tem comida

Snowden disse...

DILMA E SUA CÚPULA estão acabando com o Brasil!
Por pensar apenas em voto e em reeleição, esquecem de fazer o básico! Buscam através da Vilanizacao do trabalho medico, culpar pelo descaso na Saúde, principal queixa do povo e das principais da onda de protesto que tomaram conta do País; mas tudo tem um preço, o que pode custar a Presidência!
SEM LULA, o PT ficou na mesmice, só privilegia "os gestores petistas" e nivela os demais por baixo!
NINGUÉM AQUENTA ....
Hoje no NYT:
O jornal americano "The New York Times" publicou editorial nesta quarta-feira (9) em que analisa os obstáculos que o governo Dilma enfrenta neste ano após o país ter tido avanços, nos últimos dez anos, na área social e econômica.

O editorial intitulado "Brazil's Next Steps" ("Próximos passos do Brasil", em tradução livre) afirma que a presidente Dilma precisa avançar com as reformas políticas e projetos de investimento público para que o país retome o crescimento da economia e mantenha a inflação sob controle. O baixo investimento privado no Brasil fez com que a economia crescesse apenas 0,9% ante crescimento de 7,5% registrado em 2010, diz o texto.

Em referência à onda de protestos que mobilizou o país em junho e aumentou a insatisfação popular, o editorial destaca que o governo ainda não cumpriu as promessas de realizar reformas políticas e investimentos na área de infraestrutura para baixar o custo de vida no país.

O editorial também destaca que apesar de os programas sociais implementados nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, como o Bolsa Família, terem aumentado a renda dos mais pobres, a "desigualdade de renda continua alta e a inflação acaba por corroer o aumento de renda dos mais pobres".

Segundo dados divulgados pelo IBGE nesta quarta, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor), que mede a inflação oficial do país, subiu 0,35%. Em agosto, o índice havia registrado alta de 0,24%. Com o dado de setembro, a inflação acumulada em 12 meses ficou em 5,86% --abaixo do limite do teto da meta do governo para 2013, de 6,5%.

De acordo com o texto do "NYT", um dos motivos da alta dos preços é a "falta de investimentos do governo em infraestrutura para acompanhar o crescimento da economia e, também, as altas taxas de importação e impostos impostas pelo governo, que inflacionam o preço de muitos bens e serviços".

Por fim, o editorial destaca que os estudantes brasileiros têm desempenho inferior a outros países latino-americanos como Uruguai, México e Colômbia e que é necessário realizar uma "reforma no sistema de ensino pois o Brasil tem escassez crônica de profissionais qualificados".

Unknown disse...

###Por fim, o editorial destaca que os estudantes brasileiros têm desempenho inferior a outros países latino-americanos como Uruguai, México e Colômbia e que é necessário realizar uma "reforma no sistema de ensino pois o Brasil tem escassez crônica de profissionais qualificados". ###
Pois é, mas parece que isso não vai se resolver tão cedo, né? Afinal, estudar nesse país parece um projeto masoquista:Logo cedo, ainda na escola você é sacaneado e rotulado de nerd e bobalhão e as "gatinhas" da escola riscam seu nome da lista delas. Você se esclarece e começa a perceber o quanto é explorado e sugado pelo Estado; aumenta a renda, vira classe média e - benvindo ao clube- começa a financiar essa P#@*ria em Brasília. É taxado de arrogante, desumano, mercenário e culpado pelas mazelas do país ( e quem aponta o dedo em riste e sugere a todos que lhe queimem em praça pública são os mesmos LADRÕES e VIGARISTAS que criaram os problemas com as suas ROUBALHEIRAS). E com diploma de nível superior você não cabe mais no modelito "coitadinho" que tanta gente anda usando pra tirar a sua "vantagenzinha" sempre que pode. Não me surpreende que as pessoas não se interessem muito por isso. Acho que estou desanimado... OMAR.