quinta-feira, 16 de agosto de 2012

"É UMA DEFESA E UM DIREITO QUE NÓS TEMOS"

Hoje no Encontro com Fátima Bernardes foi abordado um tema que muito interessa ao INSS por ser revelador e provar as teses do Perito.Med sobre o uso do Auxílio-Doença como refúgio de problemas trabalhistas.

A matéria era sobre o medo de se tirar férias. Vários personagens como atores, empresários, músicos e pessoas do cotidiano deram entrevistas sobre o pânico que toma conta de algumas pessoas quando deveriam estar relaxadas em seu período de férias. Medo de perder oportunidades num mundo onde a cada 20 minutos tudo munda, medo de ser deixado pra trás, incapacidade de se manter fora do trabalho (workaholic) e principalmente o medo de perder o emprego no retorno das férias.

Emblemático, a matéria entrevista um bancário que obviamente não quer se identificar, que entrou de férias normalmente sem queixas mas que nos primeiros dias descobriu que TODO O DEPARTAMENTO onde trabalhava HAVIA SIDO DEMITIDO. Só restaram, segundo suas palavras, os que estavam de férias, os que tinham estabilidade e os que estavam de licença.

Contou comovido o caso de um colega que estava com vergonha de dizer aos pais que havia sido demitido e inventou que estava de licença.

No caso do entrevistado, o bancário, que tem 21 anos de serviços ao empregador, não teve a menor dúvida do que tinha que fazer: procurou o auxílio-doença do INSS. Na reportagem, ele diz que não pretende voltar tão cedo ao trabalho, que tem medo e que por isso conseguiu uma licença de 90 dias pois teria "LER/DORT".  Na matéria indentifca-se claramente um pedido de requerimento via internet do INSS e cartas padrão de medicina do trabalho orientando o trabalhador como proceder e atestados pedindo 90 dias e classificando como acidente trabalhista.

O acidente trabalhista, ou B91, confere estabilidade no emprego por 12 meses após o retorno ao trabalho.
Quando questionado sobre a sua atitude, não teve papas na língua: "É UMA DEFESA E UM DIREITO QUE NÓS TEMOS".

Ora, se estava incapaz por LER/DORT, porque não deu entrada na perícia antes? Por que só pediu perícia quando soube que o departamento inteiro havia sido demitido?

Sem nenhum pudor, assume que usou o INSS para buscar estabilidade na empresa diante de uma ameaça real de demissão. A própria apresentadora no fim da matéria pergunta à psicóloga que iria comentar a reportagem se era comum casos assim de tentativas de postergar o retorno ao trabalho.

Claramente trata-se de um trabalhador que irá procurar se refugiar "ad eternum" no benefício por incapacidade, jamais irá aceitar uma cessação de benefício e não duvido que em breve esteja brigando para ser aposentado e quiçã consiga liminar na Justiça para isso.

É o modelo perfeito do segurado que vai acusar o perito de humilhação caso o B91 não seja renovado. É assim que começam aqueles casos que o sindicato e a Maria Maeno vão usar como exemplos de "tirania do INSS".

O uso abusivo do auxílio-doença por parte da população empregada que busca nele refúgio para litígios trabalhistas é um dos principais problemas que a perícia enfrenta atualmente. É dessa população a maior parte dos conflitos e agressões e histeria anti-pericial.

São as perícias mais complicadas, mais litigiosas e que mais desgastam o serviço de perícias. Pois o perito não está diante de um doente incapaz, está diante de um trabalhador articulado, normalmente sindicalizado, que acha que o benefício por incapacidade é uma DEFESA (contra a demissão) e um DIREITO.

O auxílio-doença é um direito SIM, mas para quem está incapaz por doença, e não para quem quer se refugiar das oscilações do mercado ou tem medo de ser demitido após 21 anos de dedicação e não encontrar espaço em novos empregos.

Eu até entendo a postura do cidadão. Não concordo, mas entendo. Está na hora, porém, da sociedade entender a postura do perito que, cumprindo o seu dever, um dia vier a não reconhecer a incapacidade em casos assim.

Para saber mais: http://globotv.globo.com/rede-globo/encontro-com-fatima-bernardes/t/videos/v/lilia-teles-conta-a-historia-de-um-homem-que-tem-medo-de-voltar-ao-trabalho/2092297/

2 comentários:

HSaraivaXavier disse...

Trecho interessante que aborda o vitimismo.

"...A postura de vítima é a máscara que usamos para não assumirmos a realidade difícil, quando ela se apresenta.
É a falta de vontade de crescer, de mudar‚ escondida sob a capa da aparição externa. Essa é uma das maiores ilusões da nossa vida: desejarmos transferir para a realidade que não nos pertence, sobre a qual não possuímos nenhum controle, as deficiências da parte que nos cabe. Toda relação humana é bilateral: nós e a sociedade, nós e a família, nós e o que nos cerca.
O maior mal que fazemos a nós próprios é usarmos as limitações de outras pessoas do nosso relacionamento para não aceitarmos a nossa própria parte negativa.
Assim, usamos o sistema como bode expiatório para a nossa acomodação no sofrimento. A vítima é a pessoa que transformou sua vida numa grande reclamação. Seu modo de agir e de estar no mundo é sempre uma forma queixosa, opção que é mais cômoda do que fazer algo para resolver os problemas. A vítima usa o próprio sofrimento para controlar o sentimento alheio; ela se coloca como dominada, como fraca, para dominar o sentimento das outras pessoas.
O que mais caracteriza a vítima é a sua falta de vontade de crescer. Sofrendo de uma doença chamada perfeccionismo, que é a não aceitação dos erros humanos, a intolerância com a imperfeição humana, a vítima desiste do próprio crescimento. Ela se tortura com a idéia perfeccionista, com a imagem de como deveria ser, e tortura também os outros relativamente àquilo que as outras pessoas deveriam ser.
Há na vítima uma tentativa de enquadrar o mundo no modelo ideal que ela própria criou, e sempre que temos um modelo ideal na cabeça é para evitarmos entrar em contato com a realidade. A vítima não se relaciona com as pessoas aceitando-as como são, mas da maneira que ela gostaria que fossem.
É comum querermos que os outros sejam aquilo que não estamos conseguindo ser, desejar que o filho, a mulher e o amigo sejam o que nós não somos.
Colocar-se como vítima é uma forma de se negar na relação humana. Por esta postura, não estamos presentes, não valemos nada, somos meros objetos da situação. Querendo ser o todo, colocamo-nos na situação de sermos nada. Todavia, as dificuldades e limitações do mundo externo são apenas um desafio ao nosso desenvolvimento, se assumirmos o nosso espaço e estivermos presentes...."
Antonio Roberto Soares

E.G. disse...

Nada mais normal que "fugir" para o INSS.
A própria Justiça nos ensina: não é crime mentir, pois é dever do interlocutor descobrir e cabe ao mentiroso, se pego, sofrer as consequencias. Ruim mesmo é o perito que tem que desembaraçar toda a pilha de documentos que corroboram a mentira e ter a coragem de fazer o certo.

Aqui que entra o Brasil na história.
- VIVEMOS EM UM PAÍS ONDE NÃO HÁ CONSEQUENCIAS
- NÃO HÁ INTERESSE PELA VEERDADE
- E QUEM SE ATREVE A DUVIDAR, É QUE VAI SE DAR MAL DEPOIS