segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

REPORTAGEM DO FANTÁSTICO - ANALISANDO

1) Primeiro observem que todos os segurados não foram vítimas exatamente da “alta programada”. Em todos os casos eles tiveram sucessivamente seus requerimentos indeferidos, inclusive, por recurso médico. Ou seja, eles usufruíram do PP, PR e Recurso Médico e mesmo assim tiveram parecer contrário. Seria o caso de criticar a “Conduta Médica” e não a “Alta Programada”;

2) O Fantástico poderia ter ouvido opinião de médicos e peritos neutros. Poderia ter ouvido uma cardiologista que não a assistente ou mesmo perito previdenciário de outro órgão ou mesmo Perito da Justiça Federal. Fez com que uma médica assistente analisasse a situação sem a imparcialidade devida típica do ato pericial. Ignora que o assistente ignora a maioria dos conceitos de medicina do trabalho e direito previdenciário.

3) Ouve os empregadores dos segurados. Leigos que não possuem competência técnica para mapear e opinar os riscos do trabalho e muito menos fazer correlação entre doença e incapacidade. Todos justificaram seguir o atestado dos assistentes literalmente. Não foi mostrado em nenhum momento um único médico do trabalho.

4) O Fantástico explora as tomadas sensacionalistas como choro e pobreza sem preocupação com aspectos técnicos básicos como, por exemplo, a apresentação das comunicações de resultados e os motivos dos indeferimentos reais do indeferimento. Poderia ter mostrado os laudos periciais ou mesmo ter entrevistado os peritos do INSS envolvidos. Não esclarece se tratam de médicos terceirizados ou não.

5) Utiliza a questão da “alta programada” para disfarçar a real intenção que é a dissonância entre os peritos do INSS e médicos da assistência e a repercussão negativa na vida dos segurados do INSS. Apanha propositalmente 3 casos de possíveis erros periciais – que existem em qualquer profissão - sem estar atento as estatísticas de satisfação dos usuários e ao sistema em geral .

6) Permite que a ANMP se pronuncie por demorados 5 segundos. Não dá visibilidade aos argumentos do Presidente do INSS Hauschild que defende a casa com postura e conduta impecáveis segundo a opinião das maiorias dos Peritos.

2 comentários:

gunstorm disse...

Os peritos do INSS são todos desumanos. O que o fantástico mostrou foi pouco, existem casos bem piores. Eu queria ver se fosse com a família de vocês.

Vandeilton disse...

Sou médico perito do INSS.

Minha mãe já foi periciada no INSS, tendo seu requerimento de auxílio-doença indefirido por não constatação de incapacidade laboral.
Lógico que ela não concordou com o resultado, mas eu conheço ambas realidades: a dela e a do perito que a avaliou.

Sei que ela possui uma doença crônica, degenerativa e incurável. Sei que, por outro lado, com os dados que o perito dispôs, o resultado dele é o mais perto que ele chegou de algo justo.

O fato é que o perito se baseia em evidências objetivas. Depende da presença dela. Quanto mais evidências dispor, mais próximo do considerado "justo" o resultado chegará.
Em alguns casos, há poucas evidências, ou evidências confusas, o que distancia o resultado daquele justo.

Mas não é culpa do perito. Aquilo é o máximo que as técnicas científicas de perícia atual podem chegar. É uma limitação da ciência, e não do indivíduo que a usa.

O resultado pode não ser o mais justo, mas é o máximo que se pode chegar perto deste conceito.