sexta-feira, 9 de julho de 2010

A SAÍDA É MESMO O SUBSÍDIO


Entenda porque o governo resiste veementemente à idéia do subsídio e criou uma estrutura para impedir a aposentadoria dos peritos.

O subsídio é a chamada parcela remuneratória única. Prevista no artigo 39; parágrafo 8 da constituição. Todas as autoridades civis recebem por esta forma remuneratória e também as chamadas carreiras de estado. Nele, ficam extintas e não podem ser criadas as gratificações que habitualmente ficam estendidas parcialmente aos aposentados e pensionistas. Outras grandes vantagens são: a uniformização dos salários dos servidores e o fim das metas de desempenho individual e institucional para fins de remuneração. Não há como existir parcela determinada da categoria que percebe salários diferenciados - como no caso dos peritos de Belém que há 2 anos recebem menor salário fazendo o mesmo serviço. E mais, há elevação do Status profissional com transparência e simplificação do sistema remuneratório. A PRINCIPAL vantagem do SUBSÍDIO, no entanto, é a PARIDADE de ativos e inativos. E especificamente esse é o medo do INSS. A exigência deste modelo remuneratório pela greve maciça faria realmente a gestão perder o sono.

Acontece que a carreira de perito médico tem um aspecto peculiar que faz aumentar a resistência a esta idéia. Como se passaram décadas sem concursos. Atualmente, temos cerca de 1/3 dos peritos já em condições ou em condições de aposentar-se nos próximos 2 anos. Estimam que, caso A GARANTIA DA PARIDADE vigorasse, cerca de 1500 peritos solicitariam suas aposentadorias com brevidade. Um esvaziamento coletivo. Um Xeque-mate no governo. Ora, independente da discussão recente sobre Subsídio Único, o INSS já se mostrava preocupado e angustiado com a revoada dos veteranos realizando várias as manobras para obrigar o servidor perito “Aposentável” a resistir mais dentro da autarquia. Medidas inegáveis como redução brutal do valor a perceber (aproximadamente 35%), a criação de níveis de carreira a serem alcançados pelos que já possuem o direito, a exigência do curso de especialização com obrigação de ficar mais 2 anos prestando serviço e o pagamento de abono de permanência foram instituídas nos últimos anos exatamente com este intuito.

O subsídio aumenta os gastos com os peritos médicos do INSS. Para terem uma vaga idéia, caso eles passassem a receber por subsídio único, mesmo sem aumento do valor médio do vencimento atual, todos os aposentados receberiam aumento expressivo de 35% imediatamente, possibilitaria que centenas de aposentáveis solicitassem suas aposentadorias e, além disso, obrigaria o governo a contratar mais 1.500 novos peritos para substituírem estes. Ou seja, a idéia do subsídio é uma bomba para o a gestão. Estimativa garante que o governo perderia muito menos se ele desse 80% de aumento no salário base atual. Ele também perderia o controle sobre o servidor perito que alcançaria por fim a sua tão sonhada autonomia. É o único modelo que se adequa a quem julga direitos. Caso não existissem gratificações por metas a serem atingidas, não haveria como controlá-lo e lhe impor o controle administrativo em vários pontos. Haveria respeito demais ao servidor “problema da casa”. Acho que a bandeira da autonomia se confunde com a do subsídio. Uma leva à outra.

É verdade que há ganhos para ambos, mas para os aposentáveis é infinitamente superior. Pode ter certeza se eu fosse um deles estaria mergulhado de cabeça na greve e exigindo isso dos meus representantes da ANMP como um pilar inabalável da negociação. Subsídio é respeito, autoridade, imparcialidade e autonomia. É o modelo ideal para os Peritos Médicos do INSS. Para mim não restam dúvidas. Oxalá a diretoria da ANMP tivesse a coragem e determinação focadas para discutir em profundidade tema. Agora, aposto que o INSS resistirá à idéia do subsídio único de uma maneira brutal como se fosse sua própria condenação à morte. E ele tem motivo. Espero que a perícia não se venda por pouco. A Perícia Médica precisar ser o osso duro de roer.

Heltron Xavier 09/07/2010

8 comentários:

Eduardo Henrique Almeida disse...

É um equívoco atribuir aos aposentáveis atuais o interesse principal dos subsídios, assim como é temerário fragmentar a carreira em segmentos.

Os subsídios são interesse sobretudo DOS NOVOS, diria eu, em oposição diametral que que o colega afirma.

Carreiras respeitáveis são subsidiadas porque precisam reafirmar seu desinteresse no resultado A ou B de suas ações. Quem julga direitos não pode ter interesse salarial em reconhecer ou não um direito.
Os novatos têm interesse em se ver livres da pressão de servidores menos qualificados e são exatamente eles, os novatos, os que mais sofrem tal pressão EXERCIDA COM BASE EM AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO.

Os aposentáveis atuais têm direito a remueração muito melhor do que a que os novatos terão, já que a flexibilização é muito maior aos recentemente admitidos, portanto os futuros aposentáveis, que um dia todos serão, terão menor provento que os aposentáveis iminentes.

Os novatos que se cuidem e lutem pelo subsídio, a eles interessa mais, se é pra esquartejar a categoria em grupos de interesse...

O mais importante é conferir à CARREIRA (sempre esquecida pelos interesses pessoais) um caráter sério e honrado de credibilidade pública, em favor de nossa missão.

O governo pode contratar outros e pode pagar os ativos e aposentados. A questão não passa por aí. Só auditores fiscais são mais de 25.000 com mais aposentados que ativos, e isso não os impediu de galgarem o status de carreira de elite, SUBSIDIADA.

HSaraivaXavier disse...

É verdade Eduardo.Seria bom para ambos. Não deixo os novatos de fora dos benefícios.
Acontece que o governo não pensa como pensamos e é essencial a questão dos aposentáveis para ele como tem demonstrado. O governo pode amanhã mesmo estabelecer uma equiparaçao de pericia previdenciária e criminal ou SIASS e entregar autonomia para os peritos. Em suma, A autonomia e salários mais altos poderiam ser conseguidos, na minha visão, sem os tais subsídios possivelmente e mais facilmente que a paridade ativo/inativo. Tenho certeza que o governo vai negociar a autonomia do e aumento do salário, mas não vai querer ouvir a palavra subsídio ser pronunciada. É apenas um ponto de vista.

HSaraivaXavier disse...

Depois. Se o INSS transformasse o salário atual em subsídios... Se eu tivesse condições de me aposentar hoje e soubesse que não teria mais perda salarial signiticativa. Amanhã eu estaria aposentado e semana que vem viajando por algum ponto turismo ao invés de ficar na atividade hiperinsalubre. Já o novato... bem o novato ganharia o respeito e mesmo valor na conta bancária com 20 anos de perícia pela frente. São situações diferentes. De qualquer não é o objetivo do post a divisão de aposentáveis e novatos. Todos tem movito para lutar por melhores garantias.

Eduardo Henrique Almeida disse...

Heltron, o governo não quer subsídios mas não tem argumentos para negar, nós temos argumentos para defendê-la! E podemos debater com a sociedade que nos dará razão. Quem quer peritos com remuneração variável que pode aumentar de acordo com sua postura profissional, nem sempre estimulando-o em direção à justiça e melhor técnica? Raras carreiras se encaixam tão bem quanto à nossa em relação aos subsídios, que, não se esqueça, é a única forma de alcançar a acalantada AUTONOMIA.

É aí que entra a greve e sua condução de luta. É como o debate contra a terceirização que o governo não queria também. Se temos poder de fogo, uma categoria motivada a lutar, um período eleitoral a nosso favor e, sobretudo, uma boa bandeira, por que fazer tudo errado, sem chance de dar certo?

Como é possível desconhecer o passado recente, em que havia estratégia política? Quem não viveu não sabe avaliar, infelizmente. É lamentável uma greve sem qualquer estratégia, exceto a busca de amparo judicial e a meta de centralizar em si para, quem sabe, se lançar deputado por ser o salvador, o único com acesso ao poder, discurso que pode colar junto aos incautos que estariam sendo manipulados.

Não se preocupe com o dinheiro do governo, com isso preocupem-se eles; não se preocupe com os colegas exercerem o direito constitucional de aposentarem-se, isso também é papel deles. Preocupe-se com o que é correto, com a estrutura do estado (que é maior que os governos), com melhores condições de trabalho e remuneração, com uma sociedade melhor atendida pela previdência. É esse o debate público que podemos conduzir e alta chance de dobrar a resistência do governo e é isso que chamo de política.

Sugiro, Heltron que se informe como serão as regras de sua aposentadoria. Verá como o subsídio impactará mais a você do que a mim, que ingressei em 1983.

Anônimo disse...

O governo não quer anda que seja justo para a carreira de perito médico, caros EH e Heltron. O que ele quer é humilhar os peritos. Criar gratificações inatingíveis, pseudo-diretorias para os peritos, marcação, humilhação... Pois a parte do governo que lida com os peritos é inimiga material e espiritual dos mesmos. Ou temos uma ANMP forte, sem o atual presidente (que em "nadíssimamente" nada ajuda ou se movimenta pela carreira com proposições vindas da base e para a base) ou em pouco tempo teremos uma neo-fase FFHHCC (estão loucos para vender o BI para as seguradoras e terceirizados????).
EM RESUMO: NÃO ESPEREM VALORIZAÇÃO DA CARREIRA, JUSTIÇA COM O EMPENHO DOS PERITOS OU OUTRA FORMA DE VALORIZAÇÃO. NÃO MESMO. A MENOS QUE OS PRÓPRIOS PERITOS SE TORNEM MAIS POLITIZADOS, MENOS ADORADORES DE ÍDOLOS, MENOS ACOMODADOS, E RETIREM , NEM QUE SEJA A FÓRCEPS, O QUE MERECEM.
Podem mostrar modelos justos, eficientes e honestos do exterior. Podem mostrar salas manchadas de sangue de peritos mortos, podem mostrar colegas esfaqueados. Nada disso comove quem tem como principal objetivo de vida eliminar os peritos, e o pior: tem influência no governo !!!

Eduardo Henrique Almeida disse...

Relatos de alguns delegados deixam claro que a categoria e seu líder estão em greves diferentes. Um desses relatos, literalmente: "os delegados e seus representados (a grande maioria) entrou numa greve por não suportar desmandos, opressão administrativa e de chefetes médicos, insegurança, impossibilidade de executar o trabalho com qualidade e autonomia, salário incompatível com a responsabilidade, dedicação e tempo exigidos e concedidos ao INSS. O presidente da anmp entrou numa greve para "peitar" Valdir Simão/Gabas e arrecadar fundos (dinheiro) nos valores que teria,caso os delegados tivessem aprovado o aumento de 150% na mensalidade". Ele não engoliu a petulância e peitou também os delegados.

Como se vê, nenhum nem outro entrou em greve por uma pauta coerente que seja um passo para a consolidação de uma carreira e melhoria real para os seus integrantes e usuários. O rei está (de novo) nú.

HSaraivaXavier disse...

Por sorte os Delegados estão começando a aprender a questionar o rei. Começando a entender que a sua AGE é o que vale e não o que a diretoria quer. Ainda está em fase inicial este processo, mas existe. A diretoria não faz mais somente o que ela quer. Inclusive a própria greve supreendeu muita gente e foi iniciada pelos incondicionalmente por vontade do colégio de delegados. È a descoberta sobre a própria força.

Sobre a greve sim. A origem da greve está na insatisfação coletiva e na motivação periférica. Sei inclusive de peritos que não são filiados da ANMP que estão em GREVE.
Ela é uma reação espontânea e natural contra o modelo de gestão do INSS que é completamente incompatível com os avanços internacionais em máteria de melhoria de ambiente de trabalho.

Acredito na greve por que como falara: Se sustenta sem, com ou apesar da diretoria e isso é muito bom para qualquer processo democrático.

HSaraivaXavier disse...

Hebert é como eu postei. Virou questão de honra, crime passional por isso é que ele vai perder. Perdeu a noção dos limites de pressão. Agora só falta colocar um guiso no pescoço do perito, marcar a ferro e colocar um chip de GPS no glúteo.
A ANMP pediu prisão do chefe dos recursos humanos, que claro alegará que estava cumprindo um parecer jurídico, como se não soubesse ler. De qualquer modo aguardemos o termino do final do capítulo do STJ. Caso ganhe serão 5 ou 6 decisões judiciais seguidas ganhas mostrando a passionalidade da gestão com relação aos peritos. Oprimir servidor tem limites.