sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

EDUARDO PAESPALHO, PREFEITO DO RIO, MOSTRA PORQUE FAZ JUS AO APELIDO.

Um bandido atirou na noite de Natal, a bala achou a cabeça de uma criança de oito anos (jamais entendi o termo "bala perdida"). A criança foi levada para um hospital municipal onde esperou por OITO longas horas por uma remoção para um hospital com neurocirugião. A justificativa: o neurocirurgião havia faltado ao plantão. A criança sobreviveu à negligência do SUS municipal mas não conseguiu sobreviver à negligência da segurança estadual. A bala matou a criança. Jamais saberíamos se sobreviveria mesmo se tivesse sido operada na hora e não sabemos como conseguiu sobreviver por oito horas sem atendimento especializado.

Os gestores e a mídia nem perderam tempo: A culpa não era do bandido, era do médico que faltou. Sem saber sequer se ele estava vivo ou não, já foi crucificado na mídia. O prefeito do Rio o chamou de delinquente. O bandido certamente ao abrir o jornal agradeceu por ter sido desresponsabilizado pela morte da menina. 

Acharam o médico. O médico estava vivo, disse que já vinha faltando ao plantão há um mês por não concordar com as condições de trabalho impostas. Uma dessas condições era o não cumprimento, por parte da Secretaria Municipal de Saúde, de ter pelo menos dois neurocirurgiões de plantão e não apenas um. Neurocirurgia é algo complexo e demorado, as cirurgias facilmente passam de 8-10h de duração. É um crime deixar apenas um neurocirurgião na sala. As chances de darem errado são enormes. É por isso que precisa de no mínimo dois.

Após a declaração, os julgadores ficaram confusos. Mas se o médico já vinha faltando há um mês, porque estava escalado para a noite de Natal? E porque também continuava escalado para o Reveillón mesmo 48h após os eventos ocorrerem? Delinquente, senhor prefeito? Quem foi o delinquente que fez essa escala? Foi o senhor? Certamente alguém que o senhor nomeou. A SMS negou saber dessas faltas. A SMS não sabe quem vai trabalhar? Que diabos existe uma Secretaria que sequer consegue ver quem comparece ao trabalho e quem falta? Como ordena pagamentos assim?

O médico que faltou é culpado, dizem. Culpado de que exatamente? Da negligência do atendimento? Claro que não, ele não estava lá, como seria possível. Ele faltou ao plantão. Por mais incrível que possa parecer, médicos também são trabalhadores e podem faltar ao plantão, ao consultório, ao hospital. Sim, pode sim. Mas se fizer isso com torpeza ou irresponsabilidade pode responder por infrações administrativas e éticas, eventualmente até mesmo demissão por justa causa ou condenação pelo CRM.

Mas como culpar por ato médico indevido (negligência) a quem não estava lá? Um hospital não pode ficar a mercê da vontade do médico. TEM QUE TER um sistema de integração e planejamento para caso de faltas. E se o médico faltar por estar doente? Ou por ter um ente familiar gravemente enfermo? Ou se bater o carro? O hospital tem que ter planejamento. Para isso existe um Diretor, que pelo nome diz, tem que se responsabilizar pelos fluxos de imprevistos. O Diretor nomeou um Chefe de Plantão. Ambos são médicos, ganham para isso sem ter que atender o público. Ganham só para isso. O que estavam fazendo nessa noite de Natal o Diretor do Hospital Salgado Filho e o Chefe de Plantão do PS?

Como que um neurocirurgião falta, o único da escala, e isso não é avisado? A menina chegou grave, baleada na cabeça. O Chefe do plantão não fez nada pra removê-la a um hospital equipado? Todos esses hospitais possuem ambulâncias, porque demorou oito horas para a remoção? Onde estava o chefe do plantão? Onde estava o Diretor do Hospital? Onde estava o Secretário de Saúde que não "sabia" dessa ocorrência tão grave?

Essa sim foi a negligência. Negligência e incompetência do chefe de plantão, que vê um caso desses e leva 8h para tomar uma providência, negligência do diretor do hospital, do secretário de saúde que responde pela gestão do SUS. Em última análise, negligência do Prefeito Paespalho.

O médico errou ao faltar? Sim. Mas ele já faltava há 30 dias, isso é caso de exoneração segundo a Lei. Exoneração por abandono de emprego, inassiduidade. Cadê o processo de exoneração? Cadê o Diretor reformulando a escala para cobrir o faltoso? Cadê o chefe de plantão articulado para remover os casos de neurocirurgia?

Só descobriram que estavam sem neurocirurgião após a entrada da menina baleada na cabeça? Para que se paga a esses gestores então?

E se o médico tivesse comparecido ao plantão, o que teria acontecido? Com UM neurocirurgião apenas, ou ele iria remover o caso de qualquer jeito para hospital com mais de um colega ou ele ia operar (mal) a menina pois com um neurocirurgião apenas a qualidade certamente ficará comprometida.

O prefeito paespalho tentou disfarçar quando questionado sobre a escala e o número de cirurgiões. Disse que era corporativismo médico e que seguia normas do MS. Que normas são essas? Tratam-se de textos vagos feitos por não-médicos para justificar o baixo gasto em saúde.

No hospital que o Prefeito Paespalho frequenta e leva a sua família quando precisa (obviamente não é nenhum dos hospitais muinicipais que ele comanda, pois é paespalho mas não é louco) existem vários neurocirurgiões a postos, como deve ser.

Mas para os eleitores mais humildes, ele defende o oposto, defende a má medicina, a medicina de pobre que justifica colocar apenas UM neurocirurgião de plantão e leva 8h para remover um caso grave.

O caso da menina Adrielly revelou toda a farsa com a qual a saúde pública é tratada não só no Rio de Janeiro, mas em todo o Brasil. Para a elite, hospitais de ponta com equipes multi"medicais" cheias de doutores para cuidar do político e do rico. Para o pobre, hospitais sucateados, abandonados, sem gestão, sem cuidado, com equipes multi"profissionais" onde o que mais falta é médico.

Para o rico, médicos de grife. Para os pobres, não precisa de médico pois tem um estudo do MS e outro da OMS que diz que para 100.000 habitantes etc etc etc.

E esse texto não se trata de corporativismo, se trata de restabelecer a verdade dos fatos:

O neurocirurgião que faltou errou ao abandonar o emprego. Devia ter pedido demissão logo. Isso é um erro administrativo e ético e deve ser tratado como tal. Mas ele não pode ser culpado pelo o que ocorreu na sua ausência, pois não era o único médico de plantão.

O chefe do plantão falhou gravemente ao não atuar para tentar cobrir a falta ou remover rapidamente a paciente. falhou ao não avisar que o médico faltou e/ou vinha faltando. (Isso é o que a SMS diz).

O Diretor do hospital falhou ao não perceber o furo de escala e nomear um faltoso contumaz para escalas críticas (Natal e Reveillón). Falhou ao não dar a estrutura necessária para cobrir a falta do neurocirurgião.

O Secretário de Saúde falhou ao não conseguir manter equipes completas conforme ele mesmo mantinha no hospital privado de elite onde atuava antes de virar secretário de saúde.

O Prefeito Paespalho falhou ao fracassar na gestão do SUS, ao mostrar-se ser inepto para gerir um sistema de saúde e por tabela a própria prefeitura, por bancar o corno de só saber "por último", por ter prometido 4 anos atrás em sua eleição inicial que iria consertar a saúde e ESPECIFICAMENTE citou o Hospital Salgado Filho, no Méier.

O Governador Cabral falhou ao fracassar em suas políticas de segurança que permitem que até hoje cabeças de crianças sejam encontradas por balas disparadas por traficantes que não tem medo de sua polícia mal paga, mal treinada e desrespeitada pelo próprio Governo.

O bandido se deu bem pois na ânsia em comer o corpo do neurocirurgião faltoso a mídia e o governo esqueceram de ir atrás de quem atirou. Certamente se fosse a cabeça de alguém da elite o traficante seria achado facilmente e em poucos dias. Mas como era uma pobre menina, se bobear o traficante vai se juntar à multidão pedindo a cabeça do neurocirurgião.

Todos e a mídia falharam ao caírem no conto do gestor e buscar um culpado "Judas" para cobrir a REAL CULPA de quem transformou a Saúde do Rio na pior Saúde do Brasil segundo dados do SUS divulgados pelo MS em 2012. O prefeito deu chilique e quis culpar a "corporação médica" por ser um prefeito inepto, incompetente e omisso.

Poucas vezes eu vi uma pessoa merecer tanto um apelido como o Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paespalho, merece.

Na foto, Prefeito Paespalho mostra que de fato "Somos todos um Rio"

7 comentários:

Snowden disse...

Como é que ta a enchente Zeca, e os Políticos?
http://bandnewstv.com.br/noticias/conteudo.asp?ID=641028

H disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
H disse...

Escutei na CBN. em 04/01/2013, o repórter informando que o chefe da neurologia confirmou que dois dias antes o neurocirurgião, cujo nome divulgam insistentemente, realmente informou DOIS DIAS ANTES, que não iria ao plantão mas que se negaram a repor o profissional pois não havia ninguém disponível. Caramba. O cara é um escravo e não sabe. E se ele morresse, quem iria ao plantão? Ele avisou em tempo hábil. Não foi falta injustificada e sem aviso a plantão. Tá na hora desse médico processar imprensa e estado. Tá demorando demais. Tá deixando seu nome na lama.

Unknown disse...

Artigo lúcido de quem demonstra que não perdeu a verve já no início de 2013. Parabéns e um Grande Ano a todos!

Unknown disse...

Quem sabe ele não vai até o site abaixo e também posta uma vela virtual pedindo para conseguir neurocirurgiões.....

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cristiane de SÃO JOÃO DA SERRA NEGRA acendeu esta vela em 04 de Janeiro de 2013, às 22h54
para acompanhar a Novena de Nossa Senhora Medianeira de todas as Graças.

PELA PERÍCIA MÉDICA QUE IREI PASSAR, QUE DEUS CONCEDA O QUE FOR MELHOR, QUE SEJA FEITA A TUA VONTADE. QUE DEUS ABENÇOE OS MÉDICOS E TODOS QUE TRABALHAM NAQUELE LOCAL, QUE SEUS CORAÇÕES ESTEJAM ABERTOS PARA ME RECEBER.AMÉM!

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Unknown disse...

Natal e Ano Novo, são os dias que mais faltam médicos nos plantões.
Isso é normal.
Sempre foi assim, não vai mudar nunca, depois que a fumaça baixar, todo mundo esquece.
Na próxima tragédia, a imprensa cai em cima novamente.
Alias, tragédias em PS sempre foi normal.
Entre o bandido que atirou, a menina pobre da periferia, o médico e o prefeito.
Eu aposto que a menina, levou a pior.
O bandido vai continuar matando, o médico recebendo e o prefeito se reelegendo.
E a menina, esquecida.

Cristyane F disse...

Perfeito esse artigo, há dias ando indignada com a crucificação diária desse colega. Não aguento mais ouvir : "a menina morreu por que o neurocirurgião faltou o plantão".