terça-feira, 1 de maio de 2012

INSS - MEIO DE VIDA OU MEIO DE MORTE?

Reflexão para o Dia do Trabalho na ótica de Peritos Médicos do INSS.

Todos nós, peritos médicos, entramos para o INSS após aprovação em concurso público com um mesmo sonho: Um meio de vida melhor, um salário melhor, estabilidade, "status de federal" que permita eventuais mudanças pelo país sem perda de vínculo, uma aposentadoria melhor, poder largar um ou outro subemprego, ter mais noites em casa, dentre outros.

Porém o que encontramos aqui no INSS foi um pesadelo kafkaniano, causado por uma gestão esquizofrênica sem nenhum controle de Brasília, cujo comando central está encastelado em um prédio e desconexo da realidade país afora e não consegue comandar nada pois não tem poder para isso, já que o regimento transformou as gerências em "pólos independentes" e até para nomear um diretor precisa-se da assinatura da Casa Civil.

Encontramos uma gestão desfocada de qualquer futuro, que só pensa no imediato, alienada com a burocracia interna e com "índices de atendimento" sem sequer se preocupar com as "condições de atendimento" ou com o "resultado do atendimento", que trata seres humanos como correia de motor, humilha e esmaga qualquer tentativa de se fazer algo decente e organizado na "casa".

Estamos sujeitos em muitos casos a chefias que não possuem um décimo do nosso estudo, que em muitos casos ganham menos que nós, como se isso fosse possível (mas é), que não são médicos, não entendem bulhufas de medicina e como comprovamos aqui neste blog nem ao menos do que deveriam domnar, como a legislação previdenciária, cujo único intento parece ser o poder sobre os "médicos", poder esse usado para massacrar a qualquer jeito os peritos e sem o menor pretexto. O INSS é o paraíso do inferno burocrático de Franz Kafka.

Vejo colegas adoecerem, casamentos se desmancharem, médicos rasgando seus diplomas e agindo como subfeitores por causa de um carguinho, uma cadeira, muitas vezes por causa de uma senha "master" de um programa de computador que foi feito justamente para subjugar o ato médico e transformar nosso trabalho em "tarefinha".

Quando colegas médicos morrem, encontram o mais absoluto descaso por parte do INSS que inclusive tenta oprimir manifestações de luto normais a qualquer ambiente social. Óbvio que isso não ocorre quando é com algum chefe ou parente. Afinal de contas, a máquina não pode parar, o que é uma correia de motor?

O INSS é um monstro criado pela burocracia brasileira, um monstro cancerígeno entranhado no sistema público federal, que suga a alma dos servidores para se manter vivo e virou um ralo de dinheiro de corrupção, sendo isoladamente o órgão onde mais tem demissões por conduta ilícita e onde mais tem ações da Polícia Federal. Este blog já mostrou, é praticamente uma ação da PF contra quadrilhas do INSS a cada 4 dias.

O INSS não é o meio de vida que imaginávamos. Virou um meio de morte. A nossa salvação é fazer o que já existe na prática mas não oficializado: separar a perícia médica do INSS, para voltarmos a ter hierarquia própria, médicos decidindo sobre atos médicos e conseguirmos trabalhar sem o freio e sem os impecílios gerados pela gestão caótica do INSS.

E para o INSS, a salvação é a sua morte e recomeçar do zero: Separar o "social" (que independe de contrapartida do cidadão) do "previdenciário" (que necessita de contrapartida do cidadão), separar as contas bancárias de um e entregar a gestão desses a um tipo de agência executiva de capital misto, como um banco púbico, com forte controle monetário, gestão profissional e metas bem rígidas, pois quem contribui 35 anos neste país recebe uma miséria de aposentadoria e a culpa disso, em parte, são dos que contribuem 1 ou 2 anos e conseguem "se aposentar" sugando o dinheiro dos que tiveram desocntos em sua CTPS a vida toda.


O INSS atualmente é uma bomba pronta pra explodir, que vem sendo desarmada ano após ano pelos governos federais, a custos astronômicos para toda a nação.


Hoje, dia do trabalho e "day-after" da entrega do imposto de renda (25 milhões de declarações para uma nação de 210 milhões de habitantes, menos de 15% dos habitantes neste país declaram renda) é hora dos pagadores de impostos - os trabalhadores - pensarem: Vale a pena trabalhar tanto e pagar tanto imposto para no fim sustentarmos uma nação inteira que se declara "incapaz", "vítima da sociedade" e "minoria social"?


Hoje em dia, no Brasil, a única "minoria" que existe de fato somos nós, os pagadores de impostos. Quando teremos nossos direitos defendidos?

4 comentários:

Marcelo Rasche disse...

Essa cosmovisão é de dar medo.

Airton Jr. disse...

Realmente, é de dar medo, mas essa visão "macro" é a mais pura e cristalina realidade.

Wilson disse...

Eu trabalho na iniciativa privada no setor gerencial como médico. Tenho um bom salário, benefícios, certa flexibilidade de horário mas muita pressão por "resultados" e certas atividades desinteressantes, além de instabilidade. Passei no concurso na APS BI e estou com muita dúvida se assumo ou não esta função....

Snowden disse...

O problema não é só esse:
Os benefícios rurais consomem uns R$ 50 bilhões por ano, mas a arrecadação rural não cobre 10% desse custeio. Agora há o da empregada doméstica, que será outra "benevolência"...E os trabalhadores só tomando ferro!
- Vocês sabiam que os bancos pagam menos impostos que as pessoas físicas quando pagam Imposto de Renda?
"fica a lorota de que pra cada custeio tem que ter a fonte de receita"...