quarta-feira, 16 de maio de 2012

Em crise, Grã-Bretanha irá rever benefício para deficientes

15 de maio de 2012 | 18h16 | atualizado às 18h16

O secretário de Trabalho e Previdência Social, Iain Duncan Smith, afirmou à imprensa local que cerca de 2 milhões de receptores do benefício - que pode chegar a cerca de R$ 370 por semana - serão revisados nos próximos quatro anos, e até 500 mil deles podem perder a ajuda financeira. Entre eles podem estar pessoas que perderam membros, incluindo ex-combatentes de guerra.

A medida é um dos mais controversos cortes de gastos previstos nas medidas de austeridade britânicas, que visam reduzir o deficit público do país, atualmente em recessão.

O secretário britânico afirmou que o número de pessoas que reivindicaram o benefício de mobilidade (chamado Disability Living Allowance) cresceu 30% nos últimos anos, gerando gastos estatais de até 13 bilhões de libras (cerca de R$ 40 bilhões) por ano.

Duncan Smith disse ao jornal The Daily Telegraph que as reformas têm como objetivo coibir abusos e implementar uma ajuda social mais "focada" em pessoas com grandes dificuldades de mobilidade. Segundo ele, a perda de um membro não deve resultar automaticamente no recebimento de um benefício estatal.

Dor invisível
Um documento oficial sobre o impacto das reformas foi lançado neste mês e, segundo o Daily Telegraph, prevê que os gastos com os benefícios sejam cortados em 2,24 bilhões de libras anuais, e que 500 mil pessoas percam o direito de receber o dinheiro.

Para Duncan Smith, o benefício estatal "não é um medidor de doença, e sim de sua capacidade (para se movimentar e viver de forma autônoma)". "Em outras palavras, (o benefício é para) quem precisa de cuidados e de ajuda para se mover. Essas são as duas coisas a serem medidas, e não a questão de se você perdeu um membro."

Em resposta, o Partido Trabalhista, de oposição, disse que o secretário está lidando com a reforma "de maneira desdenhosa e descuidada" e que deveria se desculpar por sugerir que "os deficientes não trabalham". E portadores de deficiência já realizaram diversos protestos em Londres, criticando a reforma. Alguns dizem ser vítimas de uma caça às bruxas.

Em entrevista ao jornal The Guardian há poucos meses, Holly Ferrie, 24 anos, portadora de uma condição severa semelhante a artrite que dificulta seus movimentos, diz que as pessoas a acusam de estar fingindo dores para receber benefícios.

"Minha dor é invisível", afirmou ela. "Se você não faz cara de dor, as pessoas te criticam. Tenho até medo de parecer saudável, porque as pessoas não vão acreditar (que tenho uma deficiência)."

Deficiência severa
A Disability Living Allowance é destinada a pessoas com deficiência física ou mental severa o bastante para que elas precisem de ajuda para se mover ou para cuidar de si mesmas. O benefício tem a mesma função do seguro-desemprego, que pode ser solicitado simultaneamente.

Duncan Smith declarou que os gastos com o programa têm crescido muito mais do que "os índices de doença e deficiência" na sociedade e que os critérios para o recebimento do benefício são "muito vagos".

Ele agregou que, nos padrões atuais, as pessoas que recebem a ajuda "nunca são vistas pelo governo, o que abre espaço para abusos". O governo britânico quer substituir o modelo, argumentando que, se este for mais focado, beneficiará mais quem realmente precisa de ajuda.

Portal Terra

Um comentário:

HSaraivaXavier disse...

Coisa de país pobre
Bom é país riquíssimo como o Brasil que tem seguro lagosta, auxilio reclusão e bolsa para tudo