domingo, 11 de março de 2012

O DESMONTE DO SUS PELO PT.

Fica claro agora que o que o PT de fato está empenhado no desmonte do Sistema Único de Saúde, legado da Oitava CNS gravado nas páginas da Constituição de 88, e essa verdadeira política de desmonte do SUS está muito nítida aos observadores atentos, política essa baseada nos seguintes mecanismos:

1)
Desmoralização dos serviços públicos - Através do subfinanciamento da saúde pública, da gestão pública sem controle adequado e de contínuos ataques à classe médica pública, flagras de desvios de conduta que em muitos casos são estimulados pelo próprio gestor, omissão dos componentes "politicagem, corrupção e incompetência gerencial" como causadores da pane pública.

2) Oferta de planos de saúde a baixo custo para cobrir as classes C e D (as A e B já estão cobertas) - Para isso apóia-se uma política de saúde privada pró-lucros, com os planos no controle da ANS (a agência que deveria fiscalizá-los), com o uso de fartos recursos públicos (BNDES e Contratos de Gestão PPP) para financiar a medicina privada e não se espantem se em breve bancos públicos e fundações de estatais lançarem "planos de saúde" para concorrer no mercado e na terceirização dos serviços hospitalares e ambulatoriais. O brasileiro já gasta, desde 2010, mais $ com saúde privada (72 BI) que com o SUS (68 BI).

3) Incentivo à terceirização da saúde pública através de organizações sociais, modelo copiado do PSDB paulista, das chamadas Fundações Públicas de Direito Privado (mais uma jabuticaba produzida pelo governo), dos convênios com fundações de apoio, científicas junto com entidades financeiras e a recém lançada Empresa Brasileira de Serviços Hospitais, que vai organizar a terceirização nos HUs.

4) Barateamento do custo saúde, afastando e desmoralizando o funcionário mais caro (o médico) através de políticas persecutórias, precarização do vínculo trabalhista e discurso de planificação das áreas de atuação, a chamada saúde multiprofissional, onde argumentos hipócritas e anti-científicos são usados para tornar cada profissional "um pouco de médico" e com isso diluir a base de profissionais disponíveis, aumentando a oferta e baixando o custo final (ex: CAPS sem psiquiatra, Maternidade sem ginecologista, UBS sem pediatra).

5) Políticas focais de redução de danos para as populações miseráveis (classe E) que não podem pagar planos de saúde baseado em equipes de atendimento nas áreas periféricas urbanas mais miseráveis (PSF) e nas áreas rurais remotas um esquema ligado à rede militar instalada, o "Força Nacional do SUS", centrado em hospitais de emergência públicos nas grandes cidades (SOS Emergência), que vão ser ajudados perfericamente pelas "UPA 24h", fornecimento de "home care" público nas grandes cidades para desafogar as grandes emergências ("Melhor em Casa"), transporte de urgência de casos graves para as emergências (SAMU) e no caso de gestantes o "Rede Cegonha". Está tudo no site do MS, é tanto banner de "programa de saúde" que parece a camisa patrocinada de um time de segunda divisão.

Para quem estuda o assunto, fica claro que o modelo que está sendo perseguido é o modelo americano, baseado em planos de saúde (lá são mais de 2.000 e se não tem dinheiro fica sem atendimento) só com o diferencial de não termos aqui no Brasil o "Medicare".

Estamos a passos largos voltando à era dos hospitais exclusivos para planos (antes eram os planos de classe trabalhista, de onde surgiu o INSS; agora são os planos de saúde ligados a bancos) e para quem estiver fora: emergência, maca no chão e políticas focais.

Este sim é um legado do PT para as próximas gerações.

3 comentários:

HSaraivaXavier disse...

A grande piada do Brasil é querer fortalecer a assistencia a saude e enfraquecer os médicos ao mesmo tempo.

Francisco Cardoso disse...

É simples: basta dizer que "saúde" é um termo amplo, igualar outros profissionais a médicos e ai você diz que o "novo conceito de saúde" é a meta. Mas quando um político passar mal, irá procurar o maior medalhão da medicina para se tratar, como Lula, Dilma, Sarney, Suplicy, Demóstones, etc etc etc

Lizi disse...

Eu trabalho como médica especialista do município de São Paulo, em um ambulatório de especialidades, onde inda não foi implantada OS. Este desmonte da saúde pública é nítido. Sei de vários colegas de outras unidades que pediram exoneração.

Os pacientes não conseguem agendar consultas médicas nem nas UBS.

Querem pressionar ao máximo os médicos concursados para que saiam MESMO... Está ficando mais difícil trabalhar. Sem falar nas mesquinharias: Fui a um congresso e tive dispensa de dois dias para isso, em dez 2011. Conforme foi solicitado, enviei o certificado e um relatório (de três páginas sobre as aulas assistidas, aula a aula). Não aceitaram meu relatório, com a justificativa de que eu deveria disponibilizar o conhecimento que obtive no congresso para todos os outros profissionais da rede ??)!Me pediram um novo relatório mais detalhado...Terei que escrever um livro?

Neste mês, concorri a uma "progressão na carreira", também na pref. SP. Para tanto, o profissional não pode ter NENHUMA falta por dois anos consecutivos, nem sequer um atestado médico (quem adoeçe é punido),além disso, é necessário uma avaliação ótima da chefia da unidade (o profissional ganha uma nota anualmente), e também deve levar comprovantes de cursos e congressos. Eu tinha tudo certo, só que não aceitaram como válido o certificado de 24 horas do congresso que eu enviei, por estar escrito no certificado "reunião" e não "congresso"...Fazem de tudo para te boicotar (detalhe, essa progressão aumenta 6% do salário base, que é R$ 1,400)...