segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

SECRETÁRIA PARAMÉDICA E RECALCADA DO ACRE ACUSA MÉDICOS PARA ENCOBRIR A PRÓPRIA INCOMPETÊNCIA.


A secretária de saúde do Acre, Sra. Suely Costa, que declara 3 vínculos públicos em seu currículo Lattes, flagrada pelo TCU recebendo salário sem ir ao emprego em 2003 e que atualmente ganha mais de 19 mil reais por mês na Secretaria e mesmo assim não consegue organizar o atendimento à saúde no seu Estado, resolve culpar os médicos por sua incompetência como gestora.
No Brasil, temos um eterno conflito na área da saúde pois o Estado omisso em fornecer médicos e estrutura para o SUS acaba por sobrecarregar os poucos profissionais que insistem em trabalhar na rede pública e para piorar volta e meia resolve culpar os seus funcionários por sua incapacidade em gerir o tema. Com pouco investimento na área, os governos acabam sobrecarregando serviços, médicos e com isso o esvaziamento no SUS aumenta e a pressão populacional idem. Quando pressionados, via de regra, os governantes acabam por culpar os médicos pelas mazelas que eles causaram. Igual ao INSS.
O Acre é um exemplo disso. Estado que possui um contexto social peculiar, longe do centro do poder e onde a falta de médicos e de investimento na saúde são notórios. Ao invés de remunerar adequadamente os profissionais e estruturar o SUS como manda a Lei, a Secretária de Saúde, Sra. Suely de Souza Melo da Costa, que não é médica e sim uma paramédica bióloga, resolve adotar a tática de sempre dos governos: Culpar os médicos que não se "sacrificam" o suficiente para atender a população, e tem a cara de pau de chamá-los de mercenários.
A recalcada e despreparada secretária bióloga , em um programa de televisão, numa conversa sobre a falta de pediatras, chamou os médicos de mercenários, atingindo inclusive seu próprio chefe, que é médico. Além disso, insinuou que os médicos se movem apenas por dinheiro e que teríamos disciplinas na faculdade de mercenário I, mercenário II, mercenário III, causando indevido e injustificado temor na população na qual ela deveria cuidar.
A bióloga, como toda paramédica, além de não esconder o recalque (no facebook ela se identifica apenas como "doutora", no Lattes descobrimos que fez doutorado em "Ecologia") acha que sabe medicina e até mesmo as motivações de cada um para ser médico; Eu não me lembro em nenhuma disciplina da minha faculdade onde que se aprende que para ser médico eu seria obrigado a trabalhar em condições insalubres e com salários aviltantes porque deveria me "sacrificar" para ajudar um governo a economizar um trocado na verba da saúde. Por outro lado, se quisesse apenas grana teria feito direito ou virado banqueiro.

Mas o que eu aprendi na faculdade foi a investigar. E uma breve investigação me leva ao Tribunal de Contas da União, onde em 2003 a atual Secretária de Saúde foi flagrada recebendo ilegalmente dinheiro da União e do Estado do Acre ao mesmo tempo, ao ser cedida pela Universidade Federal local para a Secretaria de Estado e recebeu duplamente do Estado e União até a portaria de cessão ser publicada vários meses depois, conforme consta no Processo TC 016-161/2006-1
do qual eu destaco o seguinte parágrafo:

"18.4) Servidora Suely de Souza Melo da Costa (SIAPE n.º 414652) – foi cedida para a Secretaria de Saúde do Governo do Estado do Acre, por meio da Portaria n.º 1926 (DOU 09/12/2003), embora tenha sido nomeada, por meio do Decreto n.º 7.946, de 30 de maio de 2003, e tenha recebido a remuneração integral da UFAC, no período de junho a dezembro de 2003;"

Ora, receber duplamente sem trabalhar cara secretária? O que poderia ser pior que isso? Talvez saber que em um estado pobre e carente de recursos, uma paramédica bióloga receba R$ 19.294,09 de salário mensal para ser uma secretária de saúde incompetente que deixa a população local à mercê de médicos estrangeiros sem CRM e xamãs. Para finalizar, ela declara três vínculos públicos no seu Currículo Lattes, já devidamente arquivado, um como Professora Titular da Secretaria de Estado de Educação (20h) , Bióloga da mesma secretaria (40h) e Professora da Federal do Acre (40h), no que é aparentemente um flagrante desrespeito à Constituição Federal.

Recebeu duplamente, ganha salário de procurador e possui mais empregos públicos que o permitido que somam 100h semanais se fosse cumprir toda a carga prevista, se isso não é ser mercenária, não sei mais o que é.

Está explicado agora o motivo dela ter chamado os médicos de mercenários. Como na maiora dos casos, as pessoas julgam os outros pelos seus próprios olhos, a inspiração da paramédica Suely em afirmar tamanha estupidez possa ter vindo dela mesma já que, além do dito acima, é secretária de um Estado que vive querendo e já contratou médicos estrangeiros (cubanos, bolivianos) sem CRM para trabalhar atendendo a população pobre em condições indignas (seriam estes os médicos mercenários?) que nenhum médico brasileiro aceita-se sujeitar. Na condição de contratante de mercenários, a paramédica Suely se enquadra então na categoria de mercenária da saúde sendo ela em si uma de suas maiores representantes nesse país pelo visto.

De um estado que paga salários de desembargador para secretários e não se digna a contratar médicos e estruturar a rede de saúde não se pode esperar outra coisa senão atitudes como a da paramédica, que deveria estar cuidando de plantas e golfinhos e não de pessoas.

Para os ricos ou neo-ricos como a mercenária secretária, toda vez que precisam de atenção em saúde, compram uma passagem aérea para São Paulo. Para a população e os médicos acreanos, sobram omissão e falta de dinheiro.


Na conversa televisiva é discutido a questão de falta de pediatras. A paramédica diz que isso ocorre devido à lei de oferta e procura. Mal sabe a secretária paramédica que o principal motivo do esvaziamento dessa especialidade não é a remuneração. Hoje em dia plantões de pediatria pagam caro e não acham ninguém pra fazê-los. O motivo é a insalubridade, a falta de segurança e a judicialização em curso na saúde desse país, que vem afastando os colegas da especialidade. Em parte, gestores como a bióloga são os culpados pela falta de pediatras no mercado.

E qual seria o problema da lei da oferta e da procura? Onde que está escrito que virou crime a pessoa querer ser melhor remunerada? Onde está o crime em se recusar a trabalhar em áreas não valorizadas pelo Estado? Quem aqui que, diante de várias opções, não escolheria a melhor pra si? Onde está escrito que medicina é sacerdócio (grande desculpa usada no passado para sonegar pagamentos e salários a colegas)? A medicina não é e nunca foi um sacerdócio. A medicina é uma profissão. Como tal implica em formação, dedicação e remuneração. As peculiaridades se dão pelo fato de existir na medicina a questão da assistência imediata sem pré condições, pois a saúde não pode esperar. Porém isso não quer dizer que o Estado está isento de depois ter que arcar com essas despesas. Mas é exatamente isso que gestoras como a paramédica vivem tentando fazer.

O Estado deixa de cobrar imposto do médico? O Estado deixa de cobrar tarifas do médico? O supermercado entrega comida de graça pro médico? O posto abastece o carro do médico de graça? A escola matricula os filhos do médico de graça? Ora, então porque que a mercenária bióloga, que ganha mais que a maioria dos médicos em seu Estado, pensa que pode criticar médicos que dentro do seu exercício adequado de trabalho querem buscar alternativas mais favoráveis ou se recusam a trabalhar em condições inadequadas?

Porém para a bióloga, que talvez se encaixasse melhor numa secretaria de meio ambiente do que na saúde, médico que sai do plantão para ir a uma festa é uma afronta, motivo de crítica. Claro, na ótica recalcada da difamadora, médico tem que sair do plantão e ir colher cana de açúcar na plantação, ou ir plantar café, quem sabe extrair borracha de seringueiras? Ela deve ser daquelas pessoas que no hospital reclamam que após 14h de plantão o médico foi almoçar, justo no horário dela, que está no hospital há 20 minutos e quer ser atendida "imediatamente".

Se falta médico no plantão, a culpa é da secretária paramédica mercenária que é incompetente e não sabe organizar adequadamente o SUS em seu Estado. Se falta leito de internação, a culpa é da secretária de saúde. Se faltam pediatras, a culpa é da secretária de saúde. Se falta médico no plantão a culpa é da secretária e se tem médico descumprindo carga horária a culpa continua sendo da secretária que permite que isso ocorra.

Mas a culpa principal desse caos na saúde no Acre não é da bióloga Suely, e sim de quem a botou lá, afinal de contas, Jabuti não sobe árvore. E é ai que não dá para entender como que um Governador, médico atuante, inteligente, bem informado, que claramente pode vir no futuro a compor chapas presidenciais, se deixa queimar por causa de uma pusilânime, sem educação e sem preparo que é omissa para com sua responsabilidade, mercenária em sua atuação e despreparada para gerir o que lhe foi incumbido.

3 comentários:

Paulo Taveira disse...

Vcs já pesquisaram se esta mulher prestou vestibular para medicina e teve de se contentar com o diploma de bacharel em biologia?

fernando luiz borges disse...

Tem que ser denunciada na Ouvidoria do Servidor só para que ela se incomode um pouco e tambem na Auditoria da união para ser investigada a respeito deste monte de vinculos, eu, só com 3 fui obrigado a optar e ela ? PODEROSA.

Tiago disse...

Compreensível DEMAIS a revolta; evidentemente. Mas por que menosprezar os paramédicos, os biólogos,os cursos de doutorado que não os compreendidos na área de medicina humana e os advogados? Não vejo sentido nisso. Faz-me pensar que, sim,(s) médico(s) autor(es) do texto pensem que a medicina, inegavelmente, é sacerdócio. Vamos nos revoltar contra esse ser, pessoas, mas sem usar de subterfúgios ofensivos à outras. Vamos nos por à denúncia simplismente pelo desserviço criminoso dessa senhora à sociedade!