segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

População se revolta, INSS pede paciência

Pane do INSS pune população

Autor(es): Jorge Freitas
Correio Braziliense - 12/02/2012

O governo tem apregoado, nos últimos anos, o fato de ter eliminado as enormes filas dos postos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Mas quem precisa dos serviços da Previdência Social para simular tempo de contribuição, fazer perícia, receber benefício e requerer a aposentadoria, dia sim e outro também, sofre com o péssimo atendimento. Na última sexta-feira, não foi diferente. O caos nas agências foi enorme, sobretudo em Brasília. Muitas pessoas esperaram mais de três horas para tentar resolver as suas pendências.

Que o diga a cientista social Sheila Fogaça, 54 anos. Ela foi obrigada a falar com quatro pessoas desinformadas, subir e descer escadas, para ser atendida, mesmo tendo agendado o pedido de aposentadoria há meses. "Infelizmente, não é a primeira vez que isso ocorre. No fim do ano passado, estive num posto do INSS e aguardei mais de três de horas para ser atendida. Assim, fica difícil", disse, desanimada. O servidor José Vaz Parente, 61, ficou irritado com a demora de duas horas e meia para ser atendido. "Os atrasos do INSS são frequentes e podem ser testemunhados diariamente. Uma população passiva será sempre vítima do descaso", afirmou. No seu entender, a população tem que reclamar. "Todos os dias, acontece a mesma coisa, em todos os postos da Previdência", assegurou.

A secretária Leila Muniz, 61, recebeu ligação do INSS na última quinta-feira, confirmando sua presença na agência no dia seguinte, às 10h da manhã. Duas horas depois, ela ainda não havia sido atendida. "A situação de precariedade é imensa nos postos do INSS. O Brasil melhorou muito economicamente, mas continua tratando mal a sua população", completou. Para ela, é inadmissível que pessoas idosas passem toda a manhã à espera de um atendimento.

Kátia Barral, 47, auxiliar administrativa, passou pelo constrangimento de ser proibida pela segurança do INSS de descer ao subsolo de um posto no qual deveria ser atendida porque chegou antes do horário marcado. "Cheguei às 9h50 e meu horário era a partir das 11h. Que absurdo", afirmou.

Desânimo

O motorista João Gomes da Silva, 58 anos, é sustentado pelo irmão, José, 56, há um ano. Ele nunca recebeu o auxílio-doença, por causa da burocracia do INSS. Ele tem reumatismo e se locomove com grande dificuldade. Na última sexta-feira, chegou às 7h30 ao posto da Previdência Social e, ao meio- dia, ainda não havia sido atendido. "Eles são ineficientes porque não oferecem nada e exigem um absurdo", disse Ruy Justino Silva, que acompanhava o motorista.

Governo pede calma

A assessoria de Comunicação Social da Superintendência Regional do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) atribuiu o péssimo atendimento à população à mudança do sistema de informática da Previdência Social e à falta de pessoal. "O INSS pede paciência aos segurados, porque os atuais transtornos são consequências de medidas para a modernização tecnológica, necessárias à melhoria do atendimento", disse órgão, em nota. Para a dona de casa Maria das Graças Ribeiro, 58 anos, não há como se conformar, pois o descaso do INSS é antigo. Ela ficou esperando anteontem quase duas horas apenas para saber sobre a contagem do tempo para a aposentadoria. Libânia Lopes, 55, arquiteta, foi buscar a averbação do tempo de serviço. "Está tudo errado na Previdência Social. Ficam fazendo propaganda de que tudo é rápido, mas é mentira", destacou.

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