sábado, 4 de fevereiro de 2012

Empresa que impediu retorno do trabalhador após alta médica é condenada a pagar indenização.


É  isso que vemos todos os dias, aos milhares. Para o patrão brasileiro típico, o empregada é uma máquina localizada num determinado ponto do esquema produtivo. Se não "prestar" mais naquele ponto, ou tiver redução de produtividade, empurra par o INSS, leia-se, para o Médico-Perito. 
Só interessa o lucro. Função social zero.

Um trabalhador procurou a Justiça do Trabalho alegando que, após 18 anos de serviços prestados na mesma empresa, passou a sofrer de doença ocupacional, equiparada ao acidente do trabalho, e, depois de um período licenciado, quando já havia recebido alta do INSS, a empregadora impediu seu retorno ao emprego, deixando-o abandonado à própria sorte. Sem receber salários, nem benefício previdenciário, o empregado buscou judicialmente a reintegração no emprego e a condenação da sua empregadora e da empresa onde ele realizava serviços de jardinagem ao pagamento de indenização por danos materiais e morais.

A reclamação foi analisada pela juíza do trabalho substituta Natália Azevedo Sena, na 2a Vara do Trabalho de Divinópolis. A magistrada deu razão ao empregado, deferindo os seus pedidos. No caso, o reclamante permaneceu afastado do trabalho, em torno de oito meses, recebendo auxílio doença acidentário. Ao ter alta, a empregadora impediu seu retorno ao trabalho. O empregado solicitou a prorrogação do benefício, junto ao INSS, mas o requerimento foi negado, o que o levou a propor ação na Justiça Federal, cujo resultado foi a improcedência do pedido. A defesa não negou o ocorrido, mas insistiu na tese de que o médico da empresa considerou o reclamante inapto para o trabalho, por isso, a volta às atividades profissionais não foi autorizada.

Foi realizada perícia durante o processo e o médico constatou que o empregado perdeu 50% da capacidade para o trabalho. A magistrada chamou a atenção para a função social da empresa, de modo que, se o INSS concluiu que o empregado estava apto para o trabalho, a empregadora tinha o dever de permitir o seu retorno, ainda que em função distinta, compatível com a redução sofrida na capacidade para trabalhar. Isso porque, conforme esclareceu, a análise da aptidão é realizada com base na atividade exercida antes do afastamento. Assim, o empregado pode estar inapto para uma função, mas plenamente capaz para outra. "Tanto é que o art. 89 da Lei 8213/91 assegura a reabilitação profissional do trabalhador cuja capacidade laborativa tenha sido reduzida", ressaltou.

No entanto, a empregadora, em vez de promover a reabilitação do autor, já que o contrato de emprego estava ativo, preferiu deixá-lo à margem do mercado de trabalho, sem qualquer meio de subsistência. Essa conduta, na visão da julgadora, demonstra, por si só, o descaso da reclamada com a vida, a saúde e a dignidade de um empregado que lhe dedicou tantos anos de serviço. Por ter a ré descumprido a sua obrigação, a julgadora condenou a empresa a pagar ao trabalhador os salários, férias, gratificações natalinas e FGTS, desde a alta pelo INSS, em fevereiro de 2010 até que ele seja readaptado em função condizente com a sua capacidade, sob pena de multa diária de R$100,00. Pelo sofrimento causado ao empregado, a empresa foi condenada ao pagamento de indenização por danos morais, no valor de R$80.000,00.

Considerando que a empregadora do reclamante mantinha um contrato de terceirização de serviços de jardinagem com uma metalúrgica, que se beneficiou da mão de obra do autor, a magistrada entendeu que essa empresa é responsável solidária pelas verbas trabalhistas deferidas, principalmente porque o empregado adquiriu doença relacionada ao trabalho. Contudo, ambas as empresas apresentaram recurso e o Tribunal de Minas, que além de reduzir o valor da indenização por danos morais para R$10.000,00, decidiu que a metalúrgica é responsável, sim, pela condenação, mas de forma subsidiária, ou seja, só pagará os valores, se a principal devedora não quitar a dívida.
Fonte TRT 3a Regiao.http://www.affigueiredo.com.br/default.aspx?url=vernoticia.aspx?codnoticia=1666
Meu comentário:  

2 comentários:

HSaraivaXavier disse...

Decisão muito importante. O descarte de funcionários lesados depois de anos de serviços ao patrão precisa acabar. O INSS e a sociedade pagadora não pode continuar sem vítima deste descaso absurdo. Tratam a previdencia como um depósito de seres humanos.

Decido por parecer contrário

Cavalcante disse...

Algns questionamentos para reflexão:
- As empresas, mesmo com a altíssima carga tributária e demais burocracias estatais que lhe são impostas (diga-se de passagem sem qualquer retorno) teriam ainda que assumir o papel do Estado e até de ONG´s, cumprindo a "função social"?
- No caso em tela, qual a razão da empegada ter sido liberada pelo INSS, mesmo com a redução de sua capacidade laboral?
- A empregada passou pelos devidos processos previdenciários de reabilitação profissinal e está em gozo de auxílio acidente, devido a redução de sua capacidade funcional?