Lula chama peritos do INSS de ‘ingratos’ ao relembrar greve
Presidente disse que profissionais agradeceram aumento salarial com greve.
Para Associação Nacional dos Peritos, ele está 'completamente equivocado'.
![Presidente Lula discursa durante cerimônia de inaugurações simultâneas de obras Presidente Lula discursa durante cerimônia de inaugurações simultâneas de obras](http://s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2010/12/30/lula-300.jpg)
inaugurações simultâneas de obras.
(Foto: Ricardo Stuckert / PR)
A pouco mais de 48 horas de passar a faixa presidencial para sua sucessora, Dilma Rousseff, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou nesta quinta-feira (30) mais uma mágoa ao chamar de “ingratos” os médicos peritos do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) que, segundo o presidente, “agradeceram com uma greve” o aumento salarial concedido pelo governo à categoria. A paralisação dos peritos do INSS começou em 22 de junho e só se encerrou em 14 de setembro deste ano.
No último dia 27, ele havia se declarado magoado com a imprensa por conta do noticiário sobre a queda do avião da TAM, em São Paulo, em julho de 2007 e, no último dia 9, com o Senado, devido à derrubada da CPMF.
A Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social contestou a afirmação do presidente e afirmou que ele "está completamente equivocado".
Lula discursou durante cerimônia no Palácio do Planalto, em que foram inauguradas três obras a partir de transmissão via satélite, dentre elas uma agência da Previdência Social em Caetés, terra natal do presidente.
Ao relembrar a demora na realização de perícias no INSS, Lula desabafou. “Nós contratamos quase 5 mil peritos. Eles foram ingratos comigo, fizeram uma greve aí, depois da gente tirar eles [do salário] de R$ 2 mil para R$ 14 mil por mês. Fiquei muito chateado. É importante terminar o mandato dizendo que fiquei muito chateado porque ganhavam quase nada e nós elevamos para R$ 14 mil, e o agradecimento foi fazer uma greve pedindo mais”, discursou Lula.
O presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (ANPM), Luis Carlos de Teive e Argolo, disse que, em momento algum da greve, os peritos pediram aumento de salário.
"Um presidente que está com a popularidade do Lula pode falar tudo, inclusive não falar coisas verdadeiras. Em momento algum nós pedimos um centavo de aumento. O presidente está falando uma grande besteira, está mal assessorado. Nós pedimos melhores condições de trabalho, segurança, logística nas agências e maior contratação de pessoal. Hoje, temos uma deficiência de 1,5 mil peritos. Além de inaugurar agência, o presidente precisa melhorar o quadro. Reitero que o presidente está fazendo uma crítica equivocada" afirmou Argolo.
Para o Ministério da Previdência, a greve foi deflagrada por conta de reivindicação salarial. De acordo com a assessoria de imprensa da pasta, a categoria pleiteou inicialmente redução da jornada de trabalho para seis horas diárias, sem redução de salário. Houve um acordo entre a categoria e o governo para que o salário fosse reduzido proporcionalmente à redução da jornada. Uma medida provisória com o acordo, informou a assessoria, foi enviada ao Congresso em 2009. No entanto, a categoria conseguiu incluir uma emenda que reduzia a jornada sem redução salarial, o que acabou sendo vetado pelo presidente. Conforme a assessoria, por este motivo, a categoria entrou em greve, o que foi considerado pelo governo uma reivindicação por aumento salarial.
Segundo dados do governo à época da greve, cerca de 400 mil perícias deixaram de ser realizadas por causa da greve. A categoria cruzou os braços em protesto contra o que classificou de um “movimento do governo contra a carreira” dos peritos. A greve só chegou ao fim após uma determinação judicial
Um comentário:
Engraçado que sobre o suposto salário atual de R$ 14.000,00 ninguém fala nada. A ANMP deveria entrar neste mérito também. Ao se calar, passou a impressão de que realmente ganhamos isto tudo!
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Se ganhamos, então alguém está ficando com a minha parte.
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Uma impressão popular desta nos é altamente desmoralizadora, se no próximo ano virmos a solicitar reajuste salarial.
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A ANMP não deveria deixar isto passar em branco.
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