sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

CAOS NO SUS INVIABILIZA BENEFÍCIOS DO INSS

Paciente espera por consulta há mais de oito meses no Hospital São José, em Joinville
Ele corre o risco de perder o benefício do INSS por falta de um novo laudo médico

Thaís Moreira de Mira
JOINVILLE
O motoboy Sidinei Matias, 37 anos, fraturou a perna esquerda em um acidente de trânsito no dia 23 de outubro de 2012. Ele conta que voltava da casa do pai, no bairro Iririú, zona Leste de Joinville, e, ao fazer uma ultrapassagem, bateu de frente com um cone colocado na rua Graciosa. “Tinha metade de um paralelepípedo dentro”, lembra.


Rogério Souza Jr./ND
Sidinei fraturou a perna em um acidente de trânsito

Ferido, Sidinei foi encaminhado ao Hospital São José e submetido à cirurgia depois de 20 dias internado. “Fui operado ainda porque meu pai acionou o Ministério Público. Coloquei pinos e platina na perna, tem um pino embaixo do meu pé, não deveria apoiar”, diz.

Ele perdeu 20% da capacidade da perna e ainda não consegue trabalhar, mas, a partir do próximo mês, ficará sem o benefício do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). De acordo com o motoboy, o auxílio foi negado durante perícia realizada no início deste mês, porque falta um laudo recente do médico ortopedista que acompanha seu caso. Sidnei revela que sua última consulta no São José foi em 25 de março do ano passado. “O médico do INSS não aceitou mais o mesmo laudo. Já fui lá no hospital mais de cinco vezes tentar marcar uma nova consulta”, relata.

Em setembro, o motoboy ouviu como desculpa que o problema era a escassez de ortopedistas na unidade. Na ocasião, 13 ortopedistas haviam pedido demissão por não concordarem com a implantação do ponto eletrônico.

Ele ganha R$ 1.200 afastado pelo INSS, é metade do que ganhava como motoboy, porém indispensável para pagar o aluguel e sustentar o filho de sete anos. “A última parcela vou receber agora, dia 20. Tenho uma re-perícia marcada para o dia 24 de fevereiro, vou ter que procurar um médico particular. Mas como vou pagar se estou sem receber”, questiona. “Se eles não marcarem a minha consulta eu vou procurar o Ministério Público”, ameaça Sidinei.

Publicado em 10/01/14-11:07

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