quarta-feira, 10 de agosto de 2011

POR UMA VISÃO REAL DOS FATOS

Afora as qualidades extremas como luz e escuridão, ou morte e vida, todo o mais é relativo. Assim é preciso ter muito cuidado com o uso dos advérbios. Muito, Pouco, Sempre, Nunca, Demais, Raramente... podem ser todos sinônimos dependendo apenas do ponto do observatório. 8 camisas, 1,5kg de comida, R$119,80, 10.000 votos ou 1 trilhão de grãos de arroz... O que é Muito? O quê é Pouco?

E Quantas queixas representam um mau atendimento? E Quantas representam um bom?
E Quantos insatisfeitos são necessários para se formar um parecer sobre um serviço médico? E o que é um Caso Isolado? E a experiência pessoal vale? Para que Universo?

Estas perguntas servem apenas de Reflexão para a Sociedade. Para quando gerarem opinião sobre os Serviços do INSS e, especialmente sobre a Perícia Médica, lembrassem de como é DÍFICIL INTERPRETAR NÚMEROS NA GIGANTEZ. Por exemplo, 2,1% de aumento no salário mínimo não é nada no bolso do trabalhador, mas 2,1% no PIB do Brasil?   Por exemplo, os 4.800 servidores do tribunal de Justiça de SP recebendo por incapacidade no Universo de 44.000 servidores? E se estivessem  no INSS?
Bem diferente penso eu...

Outro dia um colega no RN estava indignado com uma empresa de indústria de confecção local. Preocupava-se com o trabalhador (contrariando a tese de que o perito não se preocupa). Dizia do absurdo que em apenas 30 dias na sua APS cerca de 40 casos de acidentes de trabalho foram notificados. Era uma máquina mortífera que precisaria ser denunciada ao MPT e se revoltava com o fato de não terem feito nada os órgãos fiscalizadores. Disse que isso não ocorria nas outras indústrias semelhantes no estado. Então iniciamos o diálogo:

- E quantos funcionários a empresa tem?
- Não importa colega.Tem muita gente adoecendo. E é muito grave. Todos os dias praticamente atendo alguém desta empresa A. Pode ver. É um absurdo. Já da B e C, eles quase não existem.
- ?Não respondeu a pergunta?
- Olha eu não sei! Pronto está satisfeito, mas não muda nada.
- Bem, vamos ver... (Algumas ligações e pesquisas instantaneas)
- Tem cerca de 18.000 funcionários a empresa A. 3.500 a B e 1.800 a C.
- Parece que muda algo, não?...

Mudava sim. Embora tivesse havido "enorme" quantidade de notificações sobre a empresa A, proporcionalmente ela mantinha níveis inferiores do que as B e C. Não é fácil realmente interpretar as Instituições de Grande Porte.

Isso tudo foi apenas para argumentar sobre QUEIXAS ISOLADAS DE PERÍCIAS MÉDICAS NO INSS.
Ora, imaginando que o INSS realiza 100.000 perícias por mês (é bem mais eu sei). Se houvesse acerto em 90%e erros em 10% destas perícias médicas (Um percentual matematicamente aceito na área médica. Por exemplo, o projeto de engenharia de segurança e medicina do trabalho precisa alcançar 90% dos expostos, entre outros), haveria 10.000 erros. Se destes 10.000 erros existissem 1% de erros gravíssimos, haveria 100 casos de erros gravíssimos por mês.  

Como podem ousar apresentar 100, 200, 300...5.000 casos de erros no Universo Gigante que é a Perícia do INSS? Como pode a Sociedade e Pessoas Inteligentes comprarem uma visão simplista e limitada das estatísticas numa área tão complexa da atividade médica? Uma área onde não existe 100% em absolutamente nenhum tratamente e nenhum profissional. Uma área onde um tratamento que cura 90% dos doentes é considerado Curativo. Uma área onde a dosagem da medicação que atinge 90% do efeito esperado é considerada Segura. Ora, não é porque um segurado morreu numa cirurgia que uma anestesia geral deixou de ser SEGURA- embora o seja na sua experiência. MAS NÃO FAÇAMOS DA NOSSA EXPERIÊNCIA INDIVIDUAL, O JULGAMENTO DAS ARTES MÉDICAS. DEIXEMOS ISSO PARA OS TRABALHOS CIENTÍFICOS E ESTATÍSTICOS.

As Autoridades Públicas e os Gestores do INSS jamais deveria se render a CASOS ISOLADOS como forma de comprovação de um serviço, que tem muito para ser melhorado, mas que é EFICIENTE NA AMPLA MAIORIA DOS CASOS. Se os sindicatos mostram 5.000 casos de erros periciais e a justiça 10.000, mostrem sobre que números estes estão inseridos. Apresentem os 7.000.000 de perícias médicas feitas anualmente. Apresentem as relações entre QUANTIDADE DE ATENDIMENTOS versus QUEIXAS NA OUVIDORIA.

A CUT quer fazer os deputados se emocionarem com alguns casos reais de erros, que diariamente acontessem, apresentando-os numa assembléia pública marcada para 16.08.2011 a fim de tentar fazer valer os seus interesses. Não caiam. Sem números compatíveis com o tamanho da perícia médica não há nada provado sobre ineficiência. Prova-se que a medicina é uma arte que acerta na maioria das vezes, mas quando erra tem consequências assustadoras para quem as sofre. Exatamente por isso esta arte precisa ser protegida, respeitada e zelada por toda a sociedade para que as seus erros apenas diminuam, já que jamais deixarão de existir. Os peritos querem diminuir seus erros e sabem como fazer. Infelizmente não tiveram apoio quando mais precisaram como por exemplo no Movimento da Autonomia Médica ou quanto tentam estudar, tirar dúvidas e realizar sem pressão o terrível ofício de decidir sobre a vida do próximo.

Heltron Xavier

Um comentário:

Snowden disse...

numero isolado não vale de nada. É indicador, índice e afins que vale. Tem que ter a relação "a/b"...