domingo, 14 de agosto de 2011

O INDIVÍDUO CONTEMPORÂNEO, A ERA DA PROPAGANDA E A TENTAÇÃO DA INOCÊNCIA.

Aproveitando a matéria fantástica do colega Heltron (abaixo), que aborda MUITO BEM o pano de fundo que vem gerando todo o problema relativo ao acesso a benefícios por incapacidade do governo federal, complemento o texto dizendo que o indivíduo contemporâneo, fruto da Era da Propaganda, tem se caracterizado basicamente por dois elementos: O infantilismo e a vitimização.

Esse padrão se traduz em um comportamento patético, onde as pessoas estão dispostas a receberem tudo somente por existirem, mais nada. A construção de uma vida parece uma dádiva por si só. Não contam que existir depende principalmente do ato de construir nossa existência e de que ela é herdeira de outras que a antecederam. Por conta disso, não estão preparadas para o imponderável. Não aceitam nada que não seja esse sucesso escrito nas estrelas.

A não aceitação de culpa e frustração, pois estas não existem já que não aparecem na propaganda (seja na TV, seja na propaganda familiar dos pais perfeitos, na propaganda dos vizinhos, dos colegas de escola) e a certeza implícita de que o sucesso e a felicidade são direitos adquiridos (e para tal êxito não é necessário se esforçar, pois é "dever" do mundo, nesse caso o mundo pode ser uma família, um Estado Nacional...) vem causando graves consequencias às relações humanas, pois o empreendimento e a cooperação vem sendo deixados de lado em prol do "eu", do "sucesso pessoal" (seja lá o que isso signifique, normalmente significa dinheiro no bolso).

Na Era da Propaganda, ao qual somos artífices e vítimas, não nos damos conta do quanto que os objetos "vivem" e nós somos passivos espectadores dele. O quanto a existência e o sentido estão nas coisas e não em nós. O elemento mais importante desta condição se apresenta na relação que estabelecemos com o mundo material.

O que vem causando isso? Bom, autores concordam que boa parte é a relação entre a sociedade de consumo e a infantilidade do homem contemporâneo, filhos da era da propaganda. A fragilidade que a lógica publicitária impregna no elemento humano contemporâneo vem causando um desejo imediato sem limites. Esta visão imediata é ao mesmo tempo herança da riqueza e condenação da Civilização Ocidental.

O Estado protecionista, não só aqui mas em todo o Ocidente, é um contribuinte eficiente na prática de estimular o desejo publicitário. Ele mesmo é fruto de uma publicidade permanente que o coloca acima de todos os defeitos e contradições. A popularidade de um presidente é medida por aparições alucinantes e anúncios bombásticos de práticas inexistentes, de rótulos coloridos feitos por propagandistas. O governante se mistura a propagandas de sabonetes, celulares, carros.

A alucinada era do consumo foi forjada pelo Estado de Bem Estar Social criado após as Grandes Guerras e para combater o Comunismo Soviético e é viciado em soluções paternalistas que insiste em chamar de inclusivas e protetoras. É o vício de que teremos acesso pela dádiva infantil de quem cria o cidadão como uma criança mimada, tudo quer, a tudo tem direito, nada pode lhe faltar, sem nada merecer, sem cumprir nenhum dever. Nesse Estado, "minorias" são supervalorizadas e o trabalhador explorado ao máximo para bancar esses custos. Isto já foi tema de abordagem deste blog.

Na Perícia Médica do INSS, somos vítimas o tempo todo de cidadãos jovens que se apresentam exatamente assim: vitimizadores e infantis. Como não suportam a frustração do trabalho, do ter que lutar para crescer pois não foi isso que lhes foi ensinado, preferem se esconder sob o manto da doença (infantil e vítima).

Ai sobra pra nós, peritos, embasbacados com essas pessoas de 20 e poucos anos que mal descobrem ter "alguma coisa" e já correm pro INSS pois são "inválidas".

Indico um livro MUITO BOM que aborda de maneira perfeita o tema acima e que me impactou muito quando li, se trata do "A TENTAÇÃO DA INOCÊNCIA", de Pascal Bruckner. é difícil de achar hoje em dia, na época comprei em Inglês pois não havia tradução, mas já temos uma boa tradução em português. Boa leitura.

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