sábado, 27 de agosto de 2011

No final, a conta sobra para o Médico - O caso dos Gêmeos do Pará

Esta semana no Pará (PA) houve um caso tomou notoriedade a nível nacional. No cerne da questão, uma médica (com nome amplamente divulgado na mídia) teria sido responsável pelo óbito de 2 gêmeos prematuros por omissão de atendimento. Ao que tudo indica não estaria no plantão e teria encaminhado paciente para outro serviço de referência por não haver vagas na unidade.Todos ficaram muito comovidos e revoltados enquanto a ela foi xingada, linchada e moralmente esquartejada pela mídia e mesmo por autoridades locais tendo inclusive recebido ordem de prisão de um soldado. “Ela só conseguiu atendimento na Santa Casa, onde fazia o pré-natal, depois que o casal recebeu o apoio dos Bombeiros e depois que o soldado Francisco Cesar deu voz de prisão à médica.”
A perícia médica, por fim, concluiu que os fetos infelizmente já estavam mortos há 48 horas. Mas e quem recolhe as penas do travesseiro lançadas ao vento ? O caso envolveu o Secretário de Saúde do Estado e a PFDC (velha conhecida dos Peritos do INSS). É interessante observar o relato da Reunião das autoridades que chama a atenção para as colocações do Secretário de Saúde do Pará: “Realizar o atendimento a um paciente em uma maca, um sofá ou até mesmo um lençol no chão. Para Hélio Franco, estas seriam alternativas para impedir o não atendimento no serviço de saúde em casos extremos.” E diz mais: “Não estamos responsabilizando nenhum médico. Se existe dificuldade, o médico deve notificar, mas o paciente não pode ser refém dessas coisas”, desabafou.

Será que a PFDC do MPF pede a prisão do Secretário de Saúde do Estado e da Direção da Maternidade? Ah! Essa resposta é fácil. Claro que não.

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/08/pedir-desculpas-e-pouco-diz-nova-administradora-da-santa-casa-no-para.html

6 comentários:

HSaraivaXavier disse...

Logo logo todos "agentes" de direito. Sim eles não querem ser servidores públicos, seria muita humilhação, irão adquirir um Personal Doctor. O seu bode expiatório perfeito para o caos de todas as áreas.

A sigla DE quer dizer Doutor Expiatório. Acabe os seus pecados e tenha o seu próprio médico

Luciana Coiro disse...

Excelente!

Secretários de saúde: é só fornecer muitos lençóis aos serviços de saúde e tá tudo resolvido!!

H disse...

Como esse post é sábio e verdadeiro.

Médico virou desculpa para tudo. Por exemplo, como no último episódio com uma GO em Belém do Pará.
Se atende e o pior acontece aos RN: processo em cima dela por ter atendido em local sem condições.
Se não atente e nenhum outo lugar atb. não atende, por estar todo o SUS no mais completo abandono e sem a mínima condição: prisão e processo em cima dela.

Onde estão os justos procuradores do MP para abri o debate público para a real situação do SUS, processando ou intimando para dar esclarecimentos os administradores e responsáveis a nível municipal, estadual e federal? Ah, mas para processar e exigir isso e aquilo do médico, parece que estão bem ativos.



Prevejo que em 10 anos, nenhum dos grandes cérebros vestibulandos seguirá a carreira médica. Teremos apenas os medíocres. Quem, mas quem mesmo, quer entrar nua roleta russa onde a cabela é o do médico e o gatilho é da justiça, sociedade e políticos? Não há dom e ideal que suporte isso. Chega !!!

PROFISSIONAL MED E SEG DO TRABALHO disse...

O pior colegas, além disso tudo que já comentaram é que me parece que nós médicos somos a classe mais desunida que existe, nem nossos própriod sindicatos fazem algo por nós!( ou alguém aí do blog nunca foi em reunião de sindicato dos médicos?) Mexa com um advogado, juiz, procurador ou engenheiro, mexeu com toda a classe!

Andre disse...

Para os políticos é mais fácil multiplicar as escolas médicas e criar um mercado de reserva industrial para fornecer médicos ao invés de organizar o sistema de saúde. Esta colega foi apenas um peixe desgarrado que caiu na rede, simples assim. Agora é aguardar e esperar para ver quem será o próximo "bode expiatório". Infelizmente vamos ter que aprender a ter mais maldade e não trabalhar em determinados hospitais e se não for possível pedir demissão, denunciar todas as irregularidades previamente. A mídia recebe grandes incentivos do governo e não vai se posicionar a nosso favor, como diz Caetano Veloso "da força da grana que ergue e destroi coisas belas". No meu ponto de vista (pessoalíssimo) ser médico atualmente é ser meio doido, ser pediatra e ginecologista é caso para pensar seriamente em internação psiquiátrica (o risco é elevado demais). No passado ainda tinhamos reconhecimento da sociedade. Hoje o que temos? Boa sorte para todos nós...

Francisco Cardoso disse...

A melhor coisa que nos médicos podemos fazer nesse caso é exatamente isso, estender um lençol ao chão, chamar a mídia e atender ali mesmo. Nao caracteriza omissão e derruba o secrretario e os difamadores.

Nunca tentem transferir doentes por nao ter condições de atendimento. Se é pronto atendimento, atendam, caracterizam todas as falhas da rede e chamem a família para ver, na hora vc ganha amigos e os procuradores somem, pois a eles faltam culhao em enfrentar autoridades.

Fiz isso uma vez, com lençol no chão por falta de maca. A própria família pediu desculpa e tirou o paciente de lá, fizeram um fuzuê e o secretario de uma pequena cidade caiu. Obvio que o prefeito queria me matar, mas como ficaria perante a mídia?