quinta-feira, 13 de maio de 2010

Por que a mídia é tão injusta com os Médicos-Peritos do INSS ?



Dedicado aos Médicos-Peritos e principalmente a todo e qualquer cidadão que queira ler.

Por que a mídia é tão injusta com os Médicos-Peritos do INSS?  Basta ter conhecimento dos números publicados pela própria autarquia para se comprovar que o tratamento que os médicos recebem é no mínimo preconceituoso, e, no limite, malévolo e eivado de intenções obscurantistas. Senão, vejamos, em media, de cada 100 segurados que entram numa Sala de Perícia, 69 tem o seu requerimento aprovado. Se os 31 segurados que tiveram o benefício negado na primeira perícia pedem reconsideração, uma nova perícia é realizada  e quase 11 tem decisão reformada e ganham o benefício. Somando estes aos 69 que ganharam na primeira pericia, o resultado é que 80 têm o seu pedido aprovado, então a conta deve ser refeita: de cada 100 requerentes, 80 tem seu pedido deferido. Se os 80 segurados com benefício requerem a prorrogação do benefício, 62 têm o seu pedido aprovado.
Diante de tais cifras, como pode a mídia afirmar que os Médicos-Peritos são cruéis, frios, nem olham para os segurados, só para citar algumas das bravatas mais recorrentes?  A mídia, a serviço de certos sindicatos e associações que defendem até a violência para cumprir seu ideário, mostra apenas segurados que tiveram seus benefícios negados, sempre em tom de tablóide, explorando a miséria, o mundo cão, por vociferantes repórteres-abutres, amantes do lodaçal onde jazem as misérias humanas de toda sorte. Para eles, a virtude não é notícia, não vende, induzindo o público a acreditar que ela não existe. As pessoas são levadas a acreditar num Deus invisível, mas não conseguem enxergar o bem que supostamente Ele perpetra através de milhares de agentes anônimos todos os dias. Há outras categorias vitimas deste tipo de imprensa, vale lembrar a Polícia que é muito mais citada pelos seus erros do que pelos seus acertos. Se bem que tem sido comum a visão de repórteres cortejando policiais de forma algo melosa e fica-se na dúvida se não o fazem porque ganharam alguns puxões de orelha. A Polícia tem peso político e poder em várias esferas. Já os Médicos- Peritos do INSS não tem poder algum, a instituição que deveria defendê-los faz ouvidos de mercador às criticas injustas, a entidade que os representa vê-se envolta numa bruma de ambigüidades, dissenções e ações tíbias, muitas com efeitos meramente cosméticos.
Há uma realidade subjacente à aparente frieza dos números relativos às concessões e denegatórios.  Podemos dividir esta realidade em duas vertentes, emocional e social.

Do ponto de vista emocional, todo Médico-Perito já presenciou reações tocantes de segurados cujos requerimentos foram aprovados. Não são poucos os que reagem com emoção quando sentem que a mão forte do Estado vai ampará-los num momento de grande dificuldade. Eles não conseguem nem pensar que se trata da concessão de um direito e tentam expressar gratidão ao Perito.  Eu mesmo tive que afastar delicadamente a minha mão de um segurado que queria beijá-la. Quem sou eu para que alguém beije a minha mão? O Perito também participa deste momento altamente emocional através da invasão de sentimentos misturados de satisfação humanística, de cumprimento de dever, uma sensação de ser não apenas um agente do Estado, mas um bom agente.


Mas isto a mídia não divulga!
Na vertente social, além do alivio financeiro individual que os Benefícios por Incapacidade trazem, a ação dos Peritos tem importante papel macroeconômico injetando grande quantidade de dinheiro na economia. Em 2009, o INSS gastou, em números redondos, R$ 225 bilhões, para pagar aposentadorias, pensões e benefícios de assistência social. Considerando que cerca de 70 por cento dos benefícios dependem de Perícia Médica, dá para se ter uma boa idéia da quantidade de dinheiro que ingressou no mercado, se não pelas mãos, mas com participação direta dos Médicos-Peritos.  Sabe-se que a economia de inúmeros municípios da nação depende umbilicalmente de benefícios pagos pela Previdência Social, incluindo-se os Benefícios por Incapacidade. É uma torneira que, se for fechada, leva o município à falência.
Mas isto a mídia também não vê!
É claro que existem maus Peritos, como existem maus policiais, maus professores, etc. Mas o INSS, apesar de inúmeras  falhas de gestão, não foge ao seu dever de cumprir as leis as quais garantem um verdadeiro mecanismo de correção de erros. Em outras palavras, o segurado tem a seu dispor várias instâncias de recurso de sorte que um mesmo processo pode ser avaliado por vários Peritos. Convenhamos, um segurado que teve seu beneficio negado em todas elas provavelmente não está , de fato, incapaz. Mas, ainda sim, pode requerer na Justiça.
Mas isto a mídia também não divulga!
Outra falácia diz respeito ao fato de que muitos ou não sabem ou preferem ignorar que o indeferimento muitas vezes é administrativo. O segurado tem sua incapacidade reconhecida pelo Médico-Perito, mas não recebe por várias razões que nada tem a ver com o papel do Médico.
Mas isto a mídia também não divulga!
Muitos dos repórteres-vampiros não exercem sua profissão com a dignidade dos que buscam a verdade, a qual, muita vezes tem pelo menos dois lados, quando não é multifacetada. Ao contrário, não verificam a realidade da situação que estão noticiando e partem para a mais abjeta difamação da figura do Médico-Perito, insuflando a ira popular e alimentado riscos altíssimos para os profissionais.
Vivemos um quadro alarmante, assustador mesmo que clama por uma ação objetiva do elenco que o compõem.
O INSS precisa respeitar e valorizar a dignidade e a segurança dos Médicos-Peritos com ações publicitárias efetivas  de cunho educativo veiculadas com insistência na chamada grande imprensa.
Os donos de vários veículos de comunicação que albergam repórteres ignorantes e inescrupulosos precisam rever seus conceitos e levar a cabo programas sérios de controle de qualidade.
Os Médicos-Perito precisam de uma Associação forte, coerente, honesta, coesa e democrática que responda aos anseios da categoria com ações eficientes, contundentes, corajosas e sintonizadas com a profundidade, a gravidade e a permanência dos desafios que se apresentam.
http://www.perito.med.br/ ( INSS divulga números de março/2010)

5 comentários:

-VISÕES e Re-VISÕES- João Ritter Junior disse...

Esse tipo de argumento deveria ser utilizado por quem representa a categoria?
Pode também significar a desnecessidade de nossa existência.
Mas o pior efeito colateral desse tipo de divulgação, sabedores que somos como nosso povo tem "desejos de ficha limpa", seria quebrar a espinha dos que ainda correm riscos atrapalhando os desígnios de "ene" quadrilhas de despachantes, médicos, inclusive peritos, operadores do "direito previdenciário", e quiçá contando também com magistrados, procuradores, como já houve no nosso histórico institucional, e trabalhadores públicos "colegas".
Com esses números será que somos mesmo tão competentes e mereceríamos uma melhor condição?
Precisamos de uma altaneira auto crítica, também em termos de preparação para o trabalho, da verdadeira "entrega" do que a sociedade nos "encomenda", já que a instituição aparentemente não tem muita satisfação com o que produzimos.
Vamos ler com atenção o que nossos pares expressam em lugares que freqüentamos, e teremos com certeza fundadas dúvidas, em escala exponencial

Kateuscia disse...

Não so a midia como todas as pessoas não sao injustas com os medicos do inss e sim verdadeiros, ontem estive passando por reconsideração do meu pedido de licença medica estou com problemas nas maos (sindrome do tunel do carpo e de de quervain) simplesmente a medica que me avaliou nem na minha cara olhou ficou so digitando e disse q não podia fazer nada, levei exames e relatorio medico e eles nem avaliam, simplesmente negam, assim como se não fosse direito, mesmo com todos os laudos e exames. É muito injusto.

Luiz Carlos Amado Sette disse...

Do texto do blog: "É claro que existem maus Peritos, como existem maus policiais, maus professores, etc. Mas o INSS, apesar de inúmeras falhas de gestão, não foge ao seu dever de cumprir as leis as quais garantem um verdadeiro mecanismo de correção de erros. Em outras palavras, o segurado tem a seu dispor várias instâncias de recurso de sorte que um mesmo processo pode ser avaliado por vários Peritos".
O exame físico é parte integrante do exame médico-pericial e se não for feito,pode caracterizar omissão. Tanto na medicina assistencial, quanto pericial, há uma cláusula pétrea: a clínica é soberana. Traduzindo: a história e o exame físico tem prioridade sobre os exames subsidiários(RX,Ultrassom, etc) sempre que estes estiverem em desacordo com os primeiros.Exemplo prático:o fato de uma tomografia dizer que existe uma hernia de disco não é suficiente para fechar o diagnóstico de compressao do nervo ciático e muito menos de incapacidade, a menos que os SINAIS de compressão estejam presentes no exame físico.
Quanto a insatisfação dos usuários do INSS com o atendimento, seja médico, seja administrativo, existe a Ouvidoria, acessível pelo fone 135.

gunstorm disse...

É revoltante ter que depender desse auxílio-doença, o que deveria ser direito passa ser humilhante. A minha esposa tem problema de hérnia de disco já comprovado por vários exames que ela fez, mas simplesmente o médico perito nem que ver o laudo e ainda tem cara de pau de falar que era falso e que ela poderia ter comprado em qualquer lugar. Até parece que é fácil fazer um exame pelo outro vergonhoso sistema que é o SUS. E não foi o caso de um só perito não, foram todos que ela passou. Vi com os meus próprios olhos outra segurada que estava com câncer e o médico teve a cara de pau que ela tinha condições de trabalhar. As reputações dos médicos estão cada vez indo para o ralo abaixo, antes eram os policiais e políticos que tinham má reputação. Hoje estou vendo que os médicos estão indo para o mesmo caminho.

gunstorm disse...

Desculpa ae pessoal. É que estou tão revoltado que nem escrever direito pude.